Menos trinta mil na pesca lúdica

Crise: Grande redução no último ano em comparação com 2007

Há cada vez menos portugueses que se dedicam à pesca desportiva de mar nos seus tempos livres. No ano passado foram emitidas menos 30 665 licenças do que no ano anterior, mantendo-se essa tendência de descida no corrente ano, segundo dados da Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura (DGPA). A crise e o apertar das regras para o exercício da actividade estarão na origem da drástica redução de praticantes.

Há cada vez menos portugueses
a ir à pesca nos tempos livres

De acordo com a DGPA, em 2007 foram emitidas 201 522 licenças para os diversos tipos de pesca (apeada, em embarcação e submarina), enquanto em 2008 o número desceu para 170 857. Nos dois primeiros meses deste ano, cifrou-se em 26 064. O número médio por mês em 2007 era de quase 17 mil e no corrente ano ronda as 13 mil (quebra de mais de 20%).

"As restrições que foram impostas à pesca lúdica levaram muitas pessoas a desistir da actividade", explicou ao CM Mário Barros, da Associação Nacional dos Pescadores Lúdicos e Desportivos. Este dirigente realça ainda que "houve muitos pescadores que optaram por não tirar a licença como forma de protesto contra a actual legislação".

Outra possível explicação para a redução no número de licenças é a crise. "As pessoas vêem-se na necessidade de reduzir os gastos e, por consequência, há quem opte por não gastar dinheiro para obter uma licença", salienta. As licenças custam entre 3 euros e os 200 euros, de acordo com o tipo de pesca, a duração e a área.

MANIFESTAÇÃO EM LISBOA

A decisão do Governo em ‘aliviar’ as restrições impostas à pesca lúdica no Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina não foi suficiente para impedir a marcação de uma manifestação de pescadores no próximo dia 24, em Lisboa.

Carlos Carvalho, do designado Movimento de Cidadãos do Sudoeste, revelou que o protesto terá a adesão de pescadores de todo o País, na defesa "do direito ao mar", sendo esperados "cerca de seis mil manifestantes".

Segundo os promotores, a legislação publicada este ano contém "injustiças", representando "a ponta do icebergue de um pacote legislativo mais vasto". No caso do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, pretendem, entre outras reivindicações, que os não-residentes tenham o direito de mariscar e de pescar todos os dias e à noite.

REUNIÕES

A Associação Nacional de Pescadores Lúdicos e Desportivos reúne-se esta semana com o secretário de Estado das Pescas e com os grupos parlamentares do PCP e do PS. O objectivo é sensibilizar o poder político para a necessidade de serem feitas alterações à legislação.

124 230 número de licenças para a pesca lúdica, válidas em 28 de Fevereiro deste ano.

95 653 das licenças válidas em Fevereiro correspondiam à pesca apeada, 22 644 à embarcação e 59 33 à pesca submarina.

PROTESTOS

Os pescadores já realizaram duas manifestações contra os condicionalismos à pesca na Costa Vicentina, obtendo algumas cedências do Governo.

Fonte: Correio da Manhã

6 comentários:

Anónimo disse...

Na agenda da reuniao com o menisterio.
Um ponto muito importante tem que ser analissado o desefo do sargo e para todos e nao so para ou ludicos , os que mais matam continuam a matar todos os dias.
DEFESO SIM MAS PARA TODOS....

Fernando Encarnação disse...

Viva anonimo.

Sim claramente vai ser um ponto a ser debatido sem margem para duvidas.

Abraço.

Anónimo disse...

Isto faz-me lembrar assim qualquer coisa como Kafka.

Eu gostaria que esses espertalhões e inteligentes me explicassem, como é que eu sei se o peixe que vai morder o anzol é um sargo?

E que faço, quando tiver o peixe na mão: arranco-lhe o anzol e esventro-o ou corto a linha e deixo-o ir com a linha na boca?

E se com a atrapalhação não encontrar logo à mão a tesoura ou não conseguir abrir o canivete?
Atiro o peixe já morto para o mar?

Esta é uma discussão de toLos.

Ou pescam todos ou não pesca NINGUÉM, desde que haja razões sérias.
E não há.
As razões sérias têm a ver com aquilo que está a transformar o mar em deserto.

Esses senhores do Ambiente nunca mais ganharão juízo.

Se a estupidez matasse, era uma razia nesses lugares da administração pública: estava tudo vago à espera de alguém de bom senso...

Abel Lacerda

Fernando Encarnação disse...

Viva caro amigo Abel.

Em primeiro lugar, apesar de ser um "defeso", que na minha humilde opinião é apenas uma restrição, já que um defeso é a não interacção entre a espécie durante um determinado período. Penso que a pesca não é proibida nessa altura, mais ainda, a restrição não é apenas para os sargos, pois as safias também se incluem. Podemos ir a pesca nessa altura, o que não podemos é manter os exemplares capturados, se capturar um sargo terá de o devolver à agua de imediato.

Um exemplar consegue, desde que devolvido à água sem que se tente tirar o anzol do bucho, continuar a viver sem problemas, já que as propriedades corrosivas do sal desfazem os anzóis muito rapidamente, nunca se deve tentar esventrar, porque ai, eles morrem de certeza.

O que já não será positivo é pescar de uma falésia alta e tentar devolver um exemplar à água, o impacto vai trazer consequências bastante graves para a sua permanência com vida.

Mas sim é uma situação sem fundamento aparente já que a espécie não esta a ser defendida pelo simples facto de restringir-se apenas à pesca lúdica.

As razões sérias têm a ver com aquilo que está a transformar o mar em deserto, com interesses de terceiros para investimentos turísticos, só pode...

Há verdadeiramente cada vez menos portugueses que se dedicam à pesca desportiva de mar nos seus tempos livres, não é da crise seguramente, mas sim das restrições implementadas nos últimos anos que nada beneficiaram, muito pelo contrario, a adesão ou pratica da modalidade, quer pela chamada caça à multa e valores exorbitantes das coimas, quer pelas portarias emanadas pelo Governo, sem fundamento ou nexo.

Talvez tenha sido esta a meta, a redução do número de praticantes, e ao que parece o Governo está verdadeiramente a conseguir alcança-la.

A revolta é constante, pois de todas as restrições e imposições na pesca lúdica, baseadas em sustentabilidade e defesa de recursos a pesca profissional continua impune a estas restrições.

Por exemplo este ano ocorreu o 1º defeso para a pesca lúdica na área do PNSACV, o que resultou?

Não me parece que tenho sido positivo, pois pelos relatos que tenho ouvido ninguém apanha peixe nenhum, nem lúdicos nem profissionais com centenas de anzóis, o que se terá passado, a culpa foi do defeso, ou então foram os lúdicos que apanharam o peixe todo, mas nunca as centenas de kg que foram recolhidos do mar com as redes alvoradas junto a pedras ilhadas durante o período do defeso.

Esses senhores do Ambiente e o ICNB nunca mais ganharão juízo, têm manifestado grande preocupação com o estado dos recursos marinhos na área do Parque e daí as suas propostas restritivas a todo o tipo de pesca, mas só de pesca, intervenções zero, dinheiro investido zero.

A portaria sublinha a importância da conservação dos recursos marinhos nas áreas de Rede Natura 2000 onde se insere a área marinha do Parque Natural, não se vê bem, mas defende perfeitamente a privatização de recursos para mariscadores e profissionais, principalmente nas áreas de protecção total e em toda a área do PNSACV.

O Ministério do Ambiente , como promotor da iniciativa Promar, tem responsabilidades acrescidas no cumprimento dos seus objectivos, mas para isso não basta legislar de forma absurda, é preciso intervir no terreno, mais fiscalização, mais controlo quer de costa, zona intertidal como de terra (horto floricultura e pecuária), se as reduções das coimas para atentados ambientais em tempo de crise são intervenção ou medidas que estes Srs. acham justas, então este pais está pior do que eu pensava.

O Ministério do Ambiente e o ICNB não devem refugiar as suas preocupações com o estado dos recursos apenas em medidas restritivas à actividade da pesca, mas também o deve fazer a outras actividades de particulares ou de grandes grupos empresariais e não fechar os olhos (como tem feito até aqui), já que trocar a qualidade ambiental por "meia dúzia" de empregos e investimento numa determinada zona não parece correcto perante os impactos que trarão de futura.

O Ministério do Ambiente e o ICNB devem de uma vez por todas assumir uma postura pró-activa, sensibilizadora, intervindo directamente nos territórios dos PNs, falando com as pessoas, ouvindo as pessoas, com acções concretas que promovam uma evolução positiva dos recursos, dos aspectos económicos e sociais das populações. Ao contrário da habitual postura de PROIBIR/LEGISLAR/CONTRA TUDO mas não contra todos.

O ICNB tem responsabilidades e competências na área da conservação e gestão dos recursos marinhos na área do PNSACV, se as tem, não parece, basta que se passe em Odemira e se olhe para o quintal estacionamento do edifício do ICNB para vermos a responsabilidade deste Instituto, é vergonhoso, sucata e ervas do tamanho de uma selva...

Viva à preservação!

Minha nossa...

Grande abraço e obrigado pelo comentário caro amigo.

S. Ferreira disse...

Isto não passa também de uma forma de afastar o vulgar cidadão do litoral.
No fim de contas, as pessoas ao fim-de-semana deveriam estar apinhadas em centros comerciais e grandes superfícies para fazer a economia crescer...
O litoral é para construír (destruír) e cativar turistas.

Um abraço, amigo Fernando.

Fernando Encarnação disse...

Boas caro amigo Sérgio.

Penso que tens razão, primeiro à que afastar o normal cidadão, para que depois venham as grandes obras e empreendimentos turísticos camuflados de sustentáveis e amigos do ambiente... Interesses turísticos para que as populações venham usufruir o que nos foi proibido a troco de €uros.

Destruir para Construir e cativar visitantes turísticos, os residentes que não saiam de casa para não atrapalharem e devem manter-se calados...

Um abraço e as melhoras.