Os pescadores vão manifestar-se esta tarde, em Lisboa, contra a legislação que regula a pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina, num protesto em que esperam juntar cerca de seis mil pessoas.
Apesar das alterações às portarias 143 e 144/2009 contra as quais os pescadores lúdicos têm vindo a protestar, os organizadores mantiveram a manifestação agendada para esta tarde, às 15:00, no Marquês de Pombal, por considerarem que as “alterações introduzidas” ficaram “muito aquém” das suas reivindicações.
“As rectificações que fizeram, para nós, foram de pequenos erros técnicos”, afirmou, em declarações à Lusa, Carlos Carvalho, do movimento Cidadãos do Sudoeste Vicentino, entidade que organiza o protesto em conjunto com o Movimento Pescadores Lúdicos de Portugal e o Movimento Mar Público.
As alterações em questão entraram em vigor com a publicação da portaria 458-A/2009, a 04 de Maio, que altera algumas disposições das portarias 143 e 144/2009 de 05 de Fevereiro e revoga a portaria 868/2006.
Os pescadores lúdicos, que esperam cerca de seis mil pessoas na manifestação, voltam agora a exigir a revogação das portarias, depois da “terceira alteração” à lei nesta matéria e de terem já protestado este ano em Sagres e em Odemira.
O porta-voz do movimento diz que as alterações “não têm qualquer base científica”, exemplificando com o “período de defeso do sargo” de 15 de Janeiro a 15 de Março, quando a restrição não se estende a pescadores profissionais, ou a “discriminação positiva” na apanha do marisco, que restringe esta actividade a naturais residentes nos concelhos do Parque Natural.
“Um estudo da Universidade do Algarve aponta que os pescadores lúdicos apanham 0,5 por cento da quota de pescado a nível da Costa Vicentina, os restantes 99,5 são apanhados pela pesca profissional. Afinal, estão a proteger que espécies”, questionou
Carlos Carvalho apontou ainda, em declarações à Lusa esta semana, contradições entre a legislação publicada pelo Ministério do Ambiente e pelo Ministério da Agricultura e Pescas.
“A questão da alteração da lei, que restringe a pesca à quarta-feira, está mal redigida pelo legislador. A Direcção-Geral das Pescas diz que é proibido pescar aos feriados, mesmo que seja quarta-feira. O Ministério do Ambiente enviou-me um ofício a dizer que se pode pescar à quarta-feira e aos feriados”, argumentou.
Fonte do Ministério da Agricultura e das Pescas assegurou entretanto, em declarações à Lusa, que os dois Ministérios têm o “mesmo entendimento” da portaria.
A mesma fonte esclareceu que “a proibição de pesca só se aplica às quartas-feiras, sendo suspensa quando neste dia seja feriado”, tendo acrescentado que esta é uma portaria “complexa”, que envolve, para além dos ministérios referidos, o da Economia e da Defesa, e a Presidência do Conselho de Ministros.
Fonte: barlavento
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