Jornada 26 Dezembro


O dia começou complicado, muito vento e frio virado a Noroeste, aliado com as marés vivas de lua cheia, as quais criam uma força extra ao mar, complicando bastante os factores que poderiam dar uma boa jornada em perfeitas condições, mas não foi o caso, e contra factos não existem argumentos, lá me equipei a rigor não fosse chover pois o céu estava bastante nublado.

Desci o pesqueiro escolhido na zona da Zambujeira, cerca de 50 metros de altura, sempre com a preocupação de evitar ao máximo os barros ou pedras soltas pois estas chuvas são perigosas perfuram e vão corroendo as fendas nas rochas e arrastando terra e barros que são autenticas armadilhas para os mais desprevenidos.

Já lá em baixo o vento proporcionava em primeira análise um trabalhar da bóia com contra arco do fio do carreto, em primeira análise, isto é, a ondulação acompanhava o quadrante do vento, o pesqueiro fica situado a oeste, onde a reversa do mar arrasta a bóia justamente contra o vento o que implica que com o carreto (Vega Regal 40) destravado consiga colocar a bóia num local e trabalhe ai justamente a bóia, dando mais fio ou menos (mas em arco, pois o vento era forte, mas tendo sempre o cuidado de conjugar o arco do fio com a altura da cana, a minha Titanus Power Strike 6 metros, para que em caso de a bóia afundar conseguir ferrar o peixe).

Depois de duas horas e meia de vazante o pesqueiro é propicio para a captura de bons sargos que já abandonaram os estrados mais recuados por falta de água e mantêm-se na beira da pedra antes do fundão, onde se mantém até à nova enchente, mas o peixe era pouco, a utilização de engodo moído foi muito difícil, em primeiro lugar pela fortíssima ondulação que praticamente tornava "quase impossível" o trabalhar do engodo e para não variar, as amigas gaivotas andam com muita "fominha", fazem ataques aos locais onde engodamos, como tal abdiquei de engodar à mão e utilizei o engodo moído.


A técnica utilizada foi bóia e chumbadinha (4 gramas), onde a ultima não surtiu efeito justamente pela questões atrás descritas, ondulação forte e águagem, entre os 2 e 3 metros e o vento. A montagem foi bóia peão 32 gramas calibrada com estralho de 4 metros, Fendreel da Colmic 0.25 mm fio que também pertence à madre do carreto, calibrado com 4 gramas chumbadinha oval de correr e anzol nº 1 da Mustad.

Primeiro lançamento um exemplar que me deu algum trabalho pelo porte, acusou na balança 1.290 kg, depois o local onde o ferrei existe um canal onde faz uma reversa muito grande, é difícil lidar com um exemplar destes com um "upgrade" de reversa do mar, ondulação que tinha de evitar e um estrado que me complica o içar do peixe, o conjunto Regal 40 + Power Strike portaram-se à altura e içaram juntamente esse mesmo exemplar em peso.



Mais um pouco de engodo e as crianças começaram a aparecer, sarguetas de 15 cm ou pouco mais, eram devolvidos de imediato à liberdade...



Tentei num local perto desse, onde os últimos trinta minutos do vazante me deixaram passar a pé para um estrado que entrava pelo mar lateralmente, local com grande agitação, quer de mar como de areia, local ideal para o aparecimento de uma dourada ou robalo, porque sargos quase de certeza que lá estavam...

E assim foi, o pesqueiro foi sendo engodado à medida que introduzia a chumbadinha de 4 gramas e empatava o anzol directo na linha madre 0.25 mm directa do carreto.

Passados alguns minutos iniciou-se a série de capturas, cerca de uma dúzia de exemplares com aproximadamente 15 cm foram devolvidos ao seu ambiente natural, e foram capturados oito exemplares de bom porte, entre as 600 gramas e as 800 gramas.

Foi um espectáculo que esse local me proporcionou, pois existe lá um estrado que literalmente era atravessado por um cardume de pequenos juvenis sarguetas na altura da ondulação, avistavam se perfeitamente a um metro de profundidade, as tainhas de médio porte também apareceram no local e ainda me entrou um robalo de bom porte no pesqueiro só o avistei duas vezes, como não dispunha de sardinha para iscar e estava limitado a ficar apenas uns quarenta minutos, lá tive de sair, contente com a experiência do dia.



Total das capturas: 6.900 gramas
Maior exemplar: Sargo = 1.290 gramas
Numero de exemplares: 11


Chuchas de Ovas de Ouriços do Mar


O ouriço-do-mar é um equinoderme, similar ás estrelas-do-mar e aos pepinos-do-mar. Alimenta-se de outros invertebrados mas é nas algas que encontra nos fundos rochosos que faz a base da sua alimentação, com os seus cinco dentes (olho), localizados na superfície central inferior do corpo.
Não dispõe de visão mas o seu corpo está coberto por células sensíveis à luz.
Estes dentes formam um bico que estão interligados através de ossículos e músculos chamado de Lanterna de Aristóteles.
Estes espécie movem-se com a ajuda de pés ambulacrários, perfeitamente, não a uma velocidade rápida mas se os colocarmos numa posição ao fim de alguns minotos reparamos que se começa a movimentar lentamente.
O seu esqueleto duro e coberto de espinhos não é suficiente para os proteger de alguns caranguejos, estrelas-do-mar e peixes nomeadamente os Sargos e Douradas que vêem neles um autêntico manjar dos Deuses.

Nome: Ouriço-do-mar
Nome Científico: Paracentrotus lividus
Família: Echinidae
Grupo: Estrelas, ouriços e pepinos -do-mar
Classe: Invertebrados
Tamanho: 11-25 cm

O ouriço é uma espécie que normalmente entra em ovulação (formação de ovas) entre meados de Novembro até Fevereiro (altura onde as ovas deixam de estar maduras e começam a ficar leitosas = maturidade).
É normal nesta altura (Carnaval), as populações de faixas litorais ocorrerem ás zonas rochosas de baías onde o ouriços constituem autenticas colónias, onde são/eram (portaria 868/2006 limita a 2 kg por individuo), capturados para o petisco das ovas, quer cozidas, em omeletes ou assadas.

É também muito normal e da "praxe" aos "sargueiros" da "bordanada" dos mares mais mexidos e águas tapadas, que procuram autênticos troféus de sargos de kg para cima chegando a obter capturas de exemplares com mais de 2.5 kg, e se forem os bicais poderão facilmente chegar aos 3 kg.


Para isso existe a chucha de ouriço, isca tradicional que é elaborada com alguma paciência por nós, desde a captura, em marés vivas de lua cheia (as que maior amplitude tem, onde são apanhados manualmente com a utilização de luvas anti-corte ou com um auxilio de camaroeiro, gancho ou pau.

Convém deixa-los de um dia para o outro em lugar fresco e longe do sol, para que escorram a maioria da água que trazem no seu interior, de modo a que as ovas fiquem mais rijas, desta forma até se pode iscar perfeitamente um anzol e pescar ao tento.

Ora com as ovas mais rijas e com consistência basta uma colher de sobremesa para conceder uma chucha.


Normalmente tenho um procedimento para a elaboração das iscas que passa por este processo:

- Apanha;
- Um dia/horas para escorrer;
- Abertura dos ouriços com uma luva anti-corte e faca;
- Separação das ovas (unicamente) para dentro de um recipiente;
- Corte de 6 cm x 6 cm de meia de vidro;
- Corte de linha de costura (1 palmo);
- Corte de 12/15 cm x 12/15 cm de papel de alumínio;
- Preparação/concepção das chuchas;
- Acabamento final;
- Acondicionamento num "taparuer" já enrolados/protegidos pela prata;
- Congelamento;

Apanha: Consiste no aproveitamento de Novembro a Fevereiro das melhores marés em termos de amplitude, uma vez que os maiores ouriços estão sempre no limite das maiores mares. Pode ser utilizado um pau, luvas anti-corte ou de cabedal, camaroeiro, gancho ou até mesmo uma foice.

Um dia/horas para escorrer: Depois da apanha convêm retirar a maior percentagem de água existente no interior do ouriço, uma vez que a mesma só irá causar um grau de liquidez excessivo, não muito prejudicial, mas relativamente inferior a nível de qualidade de isco. Algumas horas são suficientes para que os ouriços percam grande percentagem de água pelo processo de escorrimento ou desidratação.

Abertura dos ouriços com uma luva anti-corte e faca: É uma maneira extremamente fácil de os abrir, uma luva anti corte na mão esquerda e com o auxilio de uma faca na mão direita, onde no local do olho (dentes) do ouriço colocamos a faca e com a precisão pratica os abrimos com um simples toque lateral.


Separação das ovas (unicamente) para dentro de um recipiente: Ao abrimos um ouriço iremos deparar com os gomos de ovas, cinco no total, onde entre eles estão localizados os intestinos que estão carregados de algas moídas (a sua dieta do dia-a-dia). Deve ser retirado apenas as ovas, embora haja quem coloque os intestinos /algas. Devemos retirar as ovas para dentro de um recipiente, local que servirá para gradualmente retirar ainda alguma percentagem de água que se vai acumulando na base da matéria prima (ova).



Corte de 6 cm x 6 cm de meia de vidro: É uma medida que nos dá uma perfeita manobra de trabalho para fazer a chucha.


Corte de linha de costura (1 palmo): É a medida para depois do enrolar da ova em forma de bola na meia de vidro, servirá para atar a base da ova com algumas voltas e dois nós duplos.



Corte de 12/15 cm x 12/15 cm de papel de alumínio: Servirá para separar e congelar as chuchas, uma vez que o alumínio conserva e protege, quer do gelo, como também do processo de congelação em bloco de varias chuchas. Assim ficaremos claramente com um número de ovas a ser gasto ou utilizado sem que tenhamos de descongelar pelo total.

Preparação/concepção das chuchas: Basicamente, consiste na colocação de uma colher de sobremesa por 6 cm x 6 cm de meia de vidro, onde começaremos por unir os cantos e depois enrolar e atar com a linha de costura.


Acabamento final: Depois de confeccionada a chucha será necessário cortar o excedente de meia de vidro e pontas de linha, onde ficaremos apenas com a chucha pronta a ser colocada num anzol nº 1/0 ou 2/0.



Acondicionamento num "taparuer" já enrolados/protegidos pela prata: Melhor acondicionamento e melhor duração/conservação.



Congelamento: Podemos conservar por congelamento ou utiliza-las de imediato.

Boas Festas e Feliz Natal



Manifesto Pela Pesca - Uma Contestação Responsável

MANIFESTO PELA PESCA UMA CONTESTAÇÃO RESPONSÁVEL

Um factor fundamental para a compreensão dos efeitos da pesca é o chamado esforço de pesca, o qual representa a quantidade de capturas efectuadas em determinada área geográfica.

Considera-se esforço de pesca, quando este incide frequentemente sobre uma população de peixe, explorada até á sua capacidade máxima de auto-sustentação, ou seja, até ao limite em que um indivíduo retirado daquela população, deixa naturalmente de ser substituído por outro, através da sua capacidade de reprodução.

A pesca comercial/profissional é por definição, uma actividade económica, ou seja, é supostamente, a principal actividade dos seus intervenientes, dela dependendo para subsistir economicamente. Por este motivo, o esforço de pesca exercido pela pesca comercial/ profissional, é constante, é maior, conduzindo por vezes á designada, sobrepesca.

Neste contexto, é importante situar a pesca lúdica e desportiva, num contexto mais amplo, quando comparada com a pesca em geral, mas sobretudo com a pesca comercial/profissional.

A regulamentação da actividade de pesca lúdica, é para nós pescadores lúdicos e Comissão para a Defesa da Pesca Lúdica e dos Recursos Marinhos, uma questão fundamental, permitindo combater de forma eficaz a pesca ilegal e semi-profissional que se furta ao cumprimento das obrigações, sobretudo as legais e fiscais.
Deve igualmente promover uma prática saudável da actividade e concomitantemente, zelar para que esta se desenvolva de forma correcta, responsável, justa, equilibrada e tecnicamente válida.

Deve sobretudo, implementar as condições adequadas à preservação e desenvolvimento dos recursos marinhos, porque para a generalidade dos pescadores lúdicos, a questão da pesca, é sobretudo uma questão de futuro.

Com a elaboração deste documento, a Comissão para a Defesa da Pesca Lúdica e dos Recursos Marinhos, contribui incondicionalmente, para a reavaliação e aperfeiçoamento dos termos da actual legislação, a qual, enferma de ausência de rigor técnico e sobretudo se multiplica, em nossa opinião, em consecutivas omissões e ambiguidades, bem como, se revela inadequada, à realidade do exercício da actividade e ao actual estado dos recursos marinhos.

Um regulamento deve constituir um “espelho” da lei que lhe deu origem, caracterizando claramente, neste preciso caso, as diferentes técnicas de pesca, reflectindo de forma objectiva e clara, a forma como deve e pode ser exercida, esclarecendo claramente as penalizações em que incorrem os infractores, evitando dúvidas ou permitindo interpretações subjectivas.

Igualmente importante, em nossa opinião, transmitir a todos os interessados e intervenientes, os objectivos da legislação proposta, para que seja totalmente compreendida, dando particular atenção à formação das entidades fiscalizadoras, porque agentes essenciais neste processo.

http://www.pescadesportiva-pt.net/ATT00030.pdf


Finalmente mar forte...









FNMOC Global Wave Watch 3 Areas

Finalmente o mar despertou do seu longo sono tranquilo que nos tem brindado nestes longos meses, por sinal bastante estranho, ou melhor fora do comun, quem não se lembra de na decada passada com as tormentas que nos brindava durante semanas e até meses.



















Os depositos de areia são visiveis por toda a linha de costa ocidental da Peninsula Ibérica, que mais não fizeram que dizimar grande quantidade de fauna e flora marinha com os seus densos lençois de areia trazidos pelos mares mansos.



















Agora finalmente um pouco de instabilidade nas condições meteorológicas e na linha norte atlantica, troxeram-nos um mar forte, alterado e capaz de remover as densas camadas de areia que estão depositadas há já algum tempo.