EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES – SARGO Diplodus sargus: Hermafroditas uma evolução
Interesso-me especialmente pela espécie Sargo - Diplodus sargus, quer pelo conhecimento empírico quer pelo conhecimento prático obtido por variadíssimas horas de contacto com a espécie no seu meio.
Interesso-me especialmente pela espécie Sargo - Diplodus sargus, quer pelo conhecimento empírico quer pelo conhecimento prático obtido por variadíssimas horas de contacto com a espécie no seu meio.
Sargo - Contexto geográfico: A fauna piscícola do sudoeste alentejano e costa vicentina é muito diversificada, pois predomina uma grande variedade de espécies que compõem a grande percentagem da ictiofauna portuguesa, sendo que o Sargo é a espécie de excelência.
Na sua distribuição geográfica é frequente no Oeste do Oceano Atlântico, Mediterrâneo e Mar Negro, grande frequentador de zonas rochosas onde se oculta com habilidade e astúcias, entre as fendas e a oxigenação provocada pela ondulação, onde retira a sua principal fonte de alimentação, os Perceves (Pollicipes pollicipes) e o Mexilhão (Mytilus edulis), embora a sua dieta ande em torno de anelídeos, crustáceos (perceves, ralos, caranguejos, ouriços), bivalves (mexilhão, amêijoas, berbigão, lingueirão, lapas).
Comportamento: O Sargo é um excelente nadador, capaz de suportar grandes cargas de força de corrente e ondulação, para se alimentar.
Vive em comunidade composta por indivíduos do mesmo porte, inferior ou superior. e são perfeitamente sociaveis com outras espécies, por exemplo já os encontrei em-tocados ou em água livre com safias, robalos, douradas. Juntam-se em grandes cardumes (vulgarmente chamados de leixas) na época de reprodução.
Características físicas: O seu corpo é comprimido lateralmente, pertence à família Sparidae (esparídeos) que é uma família de peixes da subordem Corpeidei, superfamília Corpeidea, com cabeça grande e boca extensível, é de cor prateada, com 7-8 bandas negras verticais (dependendo da espécie/sub-espécie) e outra no pedúnculo caudal, a sua boca é constituída por dois maxilares repletos de uma forte dentição, tanto superior como inferior a qual utilizam para arrancar perceves, mexilhões e triturar os mexilhões, ouriços, lapas, caranguejos, etc. Época de reprodução inicia-se a fase de postura de Janeiro a Março.
Evolução e diversidade: O sargo como é vulgarmente conhecido e identificado muitas vezes, não se remete apenas a uma espécie, pertence ao género Diplodus onde são agrupados várias espécies e sub-espécies, conhecidas até hoje já são 22.
Até hoje não foram encontradas espécies ou sub-espécies em riscos de extinção, o que comprova a sua capacidade de se adaptar efectivamente ao nível da sustentabilidade, preservação e aumento da espécie e sub-espécies.
Existem estudos da sua poderosa versatilidade adaptativa, conforme comprovam a distribuição limitada a um pequeno número de ilhas; Diplodus sargus helenae – Ilha de santa Helena (Santa Helena: um número de ilhas, no meio do Oceano Atlântico do Sul, entre a América do Sul e a África. Santa Helena ocupa uma área de 420 km², que incluem a Ilha de Santa Helena (122 km²) e o Diplodus sargus ascensionis – Ascensão (Ascensão, é o grupo de ilhas de Ilha de Tristão da Cunha, localizada no Arquipélago Tristão da Cunha, Ilha Gough, Ilha Inacessível e as três Ilhas Nightingale a 60 km de praia em Santa Helena).
Reprodução: O sargo é hermafrodita (alguns jovens machos mudam para fêmeas quando atingem a idade adulta), neste processo, estaremos a falar de uma alteração que poderemos explicar com a base de adaptação de uma espécie ao meio e á regulação que a mesma tem de transformar mediante determinados factores a sua sexualidade de forma a optimizarem os dois sexos na reprodução de descendentes férteis.
Biologia, a Ciência da Vida: Os processos que culminaram na origem da vida iniciaram-se há 4 biliões de anos atrás pela interacção de pequenas moléculas, que resultou na síntese de macro moléculas, estas moléculas, cada vez maiores e mais estáveis, puderam participar num número cada vez maior de reacções químicas.
Há cerca de 3.8 biliões de anos, estes sistemas moleculares isolar-se-iam do meio circundante por intermédio de sistemas membranares.
Há cerca de 2 biliões de anos atrás, todas as células eram pequenas e simples, viviam nos oceanos e continham pequenas quantidades de informação genética.
Diversidade e o conceito de Espécie: A dinâmica do processo evolutivo e a individualidade da espécie tem tornado o conceito de espécie seja definida como um grupo de indivíduos que em condições naturais e normais são capazes de se cruzarem entre si, reproduzindo-se e dando origem a descendentes férteis.
Para a Biologia, as espécies são conjuntos de indivíduos que formam populações, vincadas por uma forte ligação genética da sua própria evolução, já que, cada membro constituinte de uma espécie pertence à comunidade reprodutora da sua espécie.
Evolução e Ecologia: A Biologia Evolutiva considera a espécie como a unidade evolutiva real e a especiação, que por sua vez é o processo de formação de novas espécies a partir de uma população ou populações ancestrais, no caso do Sargo que se agrupa no género Diplodus.
A família Sparidae evoluiu, criando géneros como:
- Archosargus;
- Argyrozona;
- Dentex;
- Diplodus;
- Oblada;
- Pagellus;
- Pagrus;
- Puntazzo;
- Sarpa;
- Sparus;
Charles Darwin (1809-1882): Baseou a sua teoria da evolução – Darwinismo - nas seguintes hipóteses:
- A Terra é bastante antiga e os organismos têm mudado de um modo estável;
- Todos os organismos são descendentes de um só ascendente comum;
- A diversidade encontrada na Terra resulta do facto de novas espécies surgirem a partir de outras já existentes;
- A evolução é um processo de alteração gradual ao nível das populações;
- O agente principal da evolução é a selecção natural.
Selecção natural: Na luta pela sobrevivência, os descendentes que possuem variações vantajosas, relativamente ao meio em que se encontram, têm maior taxa de sobrevivência, sendo eliminados os indivíduos que possuem variações desfavoráveis.
A adaptação evolutiva do Diplodus sargus, pressupõe alterações hereditárias com modificações, estando implícita a teoria de Darwin com o princípio da selecção natural.
Ao fundamentar a sua teoria da selecção natural Darwin formulou o raciocínio que se enquadra perfeitamente no desenvolvimento e reprodução do Sargo, ora vejamos, se todas as criaturas produzem mais descendentes do que aqueles que têm possibilidade de sobrevir, então a selecção natural determinará a evolução dos descendentes que sobreviverem dessa produção, já que os sobreviventes estarão mais adaptados às condições de vida dominantes num dado momento temporal e local, confrontados com as adversidades de várias ordens, tais como, procura de alimentação, predadores, temperatura da água, poluição, etc.
Na Selecção natural os mais aptos sobrevivem e espalham-se na natureza, gerando e criando por sua vez
mais exemplares similares geneticamente.
mais exemplares similares geneticamente.
O ambiente por si só, não possui os recursos necessários para a sobrevivência de todos os indivíduos que nascem, após o nascimento, (e entenda-se que até ao nascimento a fêmea reprodutora passará por uma fase de risco, mesmo aí terá predadores que terá de enfrentar como é o caso do Homem na pesca e as Anchovas “Pomatomus saltatrix”, um pelágico do Atlântico reconhecido pela grande voracidade), deverá ocorrer uma luta pela sobrevivência durante a qual serão eliminados os menos aptos após a desova.
Evolução Natural e Biologia evolutiva: A evolução por selecção contribuiu também a nível teórico para a ecologia, sendo que por norma, as principais questões da biologia evolutiva remetem-se para a ecologia, por exemplo nas relações de pressão e nas variadas interligações entre espécies e ambiente e suas consequentes pressões de selecção do ambiente, como tal a ecologia é responsável pela capacidade progressiva do estudo e teoria de como a selecção natural é a fonte da diversidade biológica, tal como a conhecemos e que está em constante transformação.
Evolução: Penso que não estejam definidos padrões que levam à transformação do género sexual nos animais hermafroditas sequenciais, que poderão ser de dois tipos, os Protândricos, os machos podem mudar de sexo tornando-se fêmeas e os Protogínicos, as fêmeas podem mudar de sexo tornando se machos.
O Sargo (Diplodus sargus) é um hermafrodita Protândricos, que usa este tipo de hermafroditismo de forma a aumentar a fecundidade das populações, aparentemente, o hermafroditismo do Sargo está relacionado com a idade, maturidade, densidade populacional entre outros factores, muito provavelmente, será um resultado da combinação destes três primeiros factores que conduzirá à mudança, embora estejamos a falar de uma espécie que encontrou um mecanismo ao longo dos tempos, tanto na multiplicação de sub-espécies como na questão de controlo da reprodução e sustentabilidade da espécie ao nível reprodutivo.
Segundo Darwin, se uma população não estiver sob uma certa pressão, a médio prazo, não fará uma selecção mais eficiente dos seus descendentes mais aptos, portanto, uma perturbação intermédia é positiva para um melhor aproveitamento de diversos factores, incluindo os energéticos e alimentares, (exemplo de grande perturbação: Um derrame petrolífero será sempre um drama com consequências catastróficas a curto, a médio prazo e a longo prazo; exemplo de pequena perturbação: A pesca, regrada e consciente, incluindo obviamente a lúdica, pode ser positiva para a eficiência dos ecossistemas e, também, para a sua produtividade).
Em termos gerais, a pesca pode afectar uma população alvo e/ou as acidentais independentemente da estratégia de multiplicação da mesma, nalguns casos, a pesca que leve à decapitação da componente dos indivíduos de maior dimensão pode ser fatal, como é o caso dos animais que se reproduzem apenas uma vez (exemplo; cefalópodes), porque pode acabar com a reprodução; no caso dos hermafroditas sequenciais, porque pode retirar um dos géneros da população; nos restantes casos, porque os animais marinhos de maior dimensão têm uma muito maior eficiência reprodutiva.
Dois exemplos de resposta de outras espécies a pressões de ordem externa radical, salvaguardando de imediato a sua multiplicação, ou estaremos confrontados com um reflexo evolutivo desta espécies: Há nemátodos que se multiplicam se alteram a salinidade do meio; Algumas Caravelas Portuguesas dividem-se, literalmente, se forem colocadas em terra.
A adaptação evolutiva do Diplodus sargus e a sua capacidade de multiplicação deverá para além de outros factores dever-se ao seu hermafroditismo Protândrico, como forma de regulação reprodutiva sustentável.
Referências bibliográficas
- Charles Darwin, http://pt.wikipedia.org
- Oceanus Atlanticus, www.oceanusatlanticus.blogspot.com
- Perspec7ivas, www.prespec7ivas.blogspot.com
- O sargo por Frederico Cardigos, www.horta.uac.pt/projectos
- Spatial distribution and abundance of fishes residing in seagrass meadows on Alexandria coast, keepandshare.com/doc/1784442/537p-pdf, em www.oceanusatlanticus.blogspot.com
- Reproductive biology and recruitment of the white sea bream in the Azores , keepandshare.com/doc/1784448/sargos-morato-et-al-2003c-pdf, em www.oceanusatlanticus.blogspot.com
- Página da FAO sobre sargo - http://www.fao.org/docrep/x0170f/x0170fa2.htm
Trabalho de Biologia realizado para a Licenciatura em Ciências do Ambiente
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