Um Parque da treta

Criado em 1995, o PNSACV sempre foi considerado pelas populações como um autentico corpo estranho, que só sabe restringir ou proibir, cuja existência nunca contribuiu em nada na melhoria da qualidade de vida das populações.

Depois de 15 anos de "Deus dará", em que tudo foi proibido aos pequenos e tudo foi permitido aos grandes tubarões tipo Roussel, eis que um bando de burocratas do ou a soldo do ICNB resolve parir uma proposta de revisão "mil vezes" pior que a existente.

E o mais grave é que a nova proposta de Plano de Ordenamento foi elaborada sem que a promessa de acompanhamento e monitorização do Parque, visando "uma gestão adequada à salvaguarda dos recursos naturais, com a promoção do desenvolvimento sustentado da região e da qualidade de vida das populações" tivesse sido minimamente cumprida.

Tambem a promessa de actualizações cartográficas que permitissem um conhecimento técnico mais preciso da realidade das explorações existentes na área do Parque, não passou do papel. Se a isto acrescentarmos a inexistência de estudos científicos que fundamentem as decisões tomadas, somos obrigados a concluir que os "ambientocratas" de Lisboa andam a brincar com a vida das pessoas.

Com "amigos" destes, os habitantes da região não precisam de inimigos. E chegados aqui, face às aberrações produzidas, é legitima a interrogação se o objectivo deste novo plano, à semelhança do anterior, não é, exactamente o de pôr todo o mundo contra a ideia de existir um Parque, o que será óptimo para quem vier a seguir tomar conta desta área desprotegida.

O novo ataque a todos aqueles que vivem no Parque é feito em duas grandes direcções.

A primeira, é dirigida contra as actividades tradicionais, nomeadamente as pescas, a agricultura e a pecuária, sacrificadas em forma dos regimes de cultura intensiva, baseados na utilização massiva de adubos químicos e pesticidas, o que num parque que se pretende natural constitui um autentico absurdo. Este ataque é perfeitamente claro e evidente para a imensa maioria dos residentes.

A segunda direcção do ataque tem objectivos menos evidentes à primeira vista. Com efeito, criar uma linha de protecção costeira de 2 km parece ser uma medida visando evitar a betonização do litoral e a sua transformação num novo El Dorado da construção civil. Mas só à primeira vista, porque esta medida é um autentico gato escondido com rabo de fora. Se até 2 km da costa tudo for proibido, só resta às pessoas que lá vivem abandonarem tudo e partirem, deixando o terreno desimpedido para os vampiros que não tardam em chegar.

De que valerão todas as restrições e todas as proibições, só aplicáveis aos pobres deste mundo, face ao rolo compressor dos PIN`s e dos PIN`s Plus, quando estes, depois do pó assentar, decidirem lançar as suas garras sobre esta costa paradisíaca.

Resta-nos a esperança de que as populações, que foram capazes de uma grande mobilização contra as leis anti populares e discriminatórias que regulam a pesca lúdica, voltem a unir-se contra este novo projecto de ordenamento e que os autarcas dos concelhos que integram a área do parque - Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, cumpram o prometido, não compactuando com os atentados contra os legítimos interesses das populações e levando até às ultimas consequências a defesa dos mesmos.

Fonte: Costa a Costa

10 comentários:

Pedro Nunes disse...

Mais uma vez digo, esta n hora d uma grande manifestaçao em massa e muito poderosa! A todos os k gostam verdadeiramente d Costa Vicentina, n se rendam, pq a nossa Costa Vicentina n é o "Parque" infantil k os grandes kerem, a nossa Costa Vicentina é para nos uma razao de viver e de estar em harmonia com a natureza... Vamos a eles pessoal... LUTA...

Anónimo disse...

Estive a ler o Plano de Ordenamento do PNSACV e não vi lá nada que possa ser considerado um incentivo à agricultura intensiva.

Helder Nunes disse...

O plano é matar em morte-lenta 1

As autarquias de Aljezur, Odemira e Vila do Bispo estão a dar um verdadeiro exemplo de intermunicipalismo, marcando uma posição comum sobre o que consideram ser uma sentença de morte imposta pelo poder central aos seus territórios.

A rejeição do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano pelas autarquias, pelo povo daquela região, pelos deputados eleitos pelo Algarve, no fundo, pelas forças vivas daquelas terras e não só, como documento castrador das potencialidades de vivência que ali se pode oferecer aos residentes e a futuros investidores dentro da ótica do equilíbrio e da conservação da natureza, é uma atitude de cidadania.

Porque a rejeição é feita exigindo diálogo, consenso e bom-senso. Mas as cabeças pensantes dos gabinetes centrais do Terreiro do Paço, desconhecendo a realidade, fugindo ao diálogo com os parceiros, procuram impor regras que imaginam consensuais, mas que mais não são do que uma sentença para a morte.

Quem sabe se, por detrás daquela estratégia, não está um plano maquiavélico, com o objetivo de levar à desertificação da região e consequente abandono, para que depois apareçam as aves de rapina a comprar terrenos ao desbarato, exigindo de um qualquer governante os tais famosos Projetos de Interesse Nacional (PIN), outro estratagema altamente duvidoso nas políticas económicas atuais.

Os autarcas do Sudoeste merecem todo o apoio, para que mantenham viva a coragem de dizer não, mesmo quando pressionados pelo centralismo egocêntrico e ditatorial exercido pelos gabinetes comandados por gente insensível às pessoas, um bem inestimável para qualquer território.

Porque não são os autóctones que desbaratam as suas terras, antes, eles têm a verdadeira percepção de como o equilíbrio é necessário para a sua própria sobrevivência. Ninguém é capaz de fazer melhor do que aqueles que estão no local e vivem desse produto. Quem vem de fora é que estraga, desbarata, atropela tudo e todos.

O que tem de se questionar é o facto do primeiro-ministro assumir determinadas afirmações, que são compromissos quando emanadas do chefe do Governo, e depois vir uma gente impor contradições ao que foi alvitrado. Temos que concluir pela existência de um poder-sombra que nem o próprio Governo é capaz de controlar, ou melhor, é ele que é controlado, mas sem perceber que o é.

É o desmoronar da democracia participada, onde o povo é mero peão num jogo de xadrez com jogadores escondidos a darem xeque mate ao rei, eleito pela população, mas que não passa de uma peça movida de acordo com interesses de cúpulas que fazem o jogo a seu belo prazer, recolhendo todos os espólios, quantas vezes oferecidos por soldados-marionetas introduzidos nas trincheiras do poder.

Os autarcas de Aljezur, Odemira e Vila do Bispo devem lutar pelas suas convicções, como filhos de uma terra que os invasores querem tomar, de forma lenta, não permitindo que os jovens se vão radicando. O plano é matar em morte-lenta quem vai lutando pela permanência, até que, um dia, as forças lhes faltem e digam adeus aos seus bens e à sua terra-pátria.

Helder Nunes disse...

O plano é matar em morte-lenta 2

Os autarcas, a população, o povo algarvio devem pensar que a imposição de determinado tipo de planos não é feita sem um objetivo, principalmente quando o documento não é consensual e os responsáveis pela sua feitura se recusam a dialogar e adaptar as regras à realidade local. Deve-se desconfiar dos chamados falsos profetas.

E no caso do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, estamos perante uma cruzada contra as populações locais, contra os agricultores e criadores de gado, contra os pescadores, porque, se a intenção fosse envolver as pessoas no projeto, então seriam feitas reuniões locais e recolhidos os contributos de forma a moldar-se a peça final do documento ao modus vivendi da população.

Os autarcas do Sudoeste, e porque não de todo o Algarve, devem desmontar a estratégia que tem vindo a ser aplicada nos últimos dez anos relativamente à nossa região. Muito do que foi descentralizado, voltou para Lisboa ou Évora. As promessas não se cumprem. Obras de relevo por parte do Estado não são realizadas. A capacidade que existia de se reivindicar o Algarve como verdadeira região, bem definida, com fronteiras e cultura própria, tem vindo a ser esmagada pela marginalização do território, pelo avolumar do conceito de região-periférica, pela subalternização dos seus atores.

Não temos uma voz que se faça ouvir em Lisboa. O Algarve deixou de ser o centro da economia turística em desfavor de outras zonas. Os últimos acontecimentos demonstram bem esta tese. Os autarcas do Sudoeste deram um verdadeiro exemplo de intermunicipalidade, falta juntar a este a inter-regionalidade. Serão os autarcas algarvios capazes de a levar à prática?

Isto esta no http://www.barlavento.online.pt/
index.php/noticia?id=41675

ike "countdown" disse...

"Estive a ler o Plano de Ordenamento do PNSACV e não vi lá nada que possa ser considerado um incentivo à agricultura intensiva."
Então leu mal com certeza, leia melhor...Areas de construção limitadas x areas de implantação de estufas sem limite dentro da rega.Nada condiciona as estufas, na rega podem fazer tudo mas estamos num parke ou na barragem?
A biodiversidade que as estufas ja arrasaram para nao falar da quase extinção das lagoas temporárias não é nada? Onde esta no plano a alusão aos anos que essa agricultura aqui esta implementada e as barbaridades que foram cometidas?

IKE

Anónimo disse...

Só por ignorância ou má-fé é que se pode afirmar que o plano de ordenamento incentiva a prática da agricultura intensiva.

O plano apenas aceita aquilo que é uma realidade: a impossibilidade de proibir uma agricultura intensiva de elevado rendimento no perímetro de rega do Mira. Assim, não resta outra opção que não a de procurar diminuir os seus impactos ambientais. É justamente isso que se procura fazer com as disposições constantes no artigo 45º.

Quais seriam as alternativas ? Dizer aos produtores e proprietários do Mira que se ponham a andar dali para fora ? Obrigá-los a converterem-se à agricultura biológica ? Sejamos realistas, exijamos o possível!

MSP

Anónimo disse...

Ao autor do blog deixo isto que encontrei no Pluridoc

Saúde pública e agricultura
Amílcar Duarte*

As questões ligadas com a saúde pública e, consequentemente com a segurança alimentar constituem cada vez mais preocupações para qualquer cidadão consciente e
qualquer governo responsável. A obrigatoriedade de implementação de sistemas de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points - Análise de Riscos e Controlo de Pontos Críticos) na indústria agro-alimentar e nas próprias instalações de
processamento de frutas e hortaliças vem ao encontro dessas preocupações. A
implementação dos modos de produção em protecção integrada, produção integrada e agricultura biológica são também um importante contributo para uma alimentação mais saudável, dadas as limitações (em diferentes graus) da aplicação de pesticidas e outros agroquímicos e o compromisso de recorrer a assistência técnica qualificada. Porém, grande parte da produção de alimentos é feita em explorações agrícolas que não
dispõem de qualquer aconselhamento técnico. Se isso é admissível na nossa pequena
agricultura tradicional e nas hortas para autoconsumo já não parece razoável em explorações de maior dimensão. Se analisarmos esta questão com mais pormenor, surpreende a discrepância entre os níveis de regulamentação nas diversas vertentes da protecção à saúde pública. Se para comprar um antibiótico, que afecta a saúde de quem o toma, é necessário ter uma receita médica, é lógico que para comprar quantidades
significativas de pesticidas que podem afectar a saúde de milhares de pessoas, em breve passe a ser necessária uma recomendação técnica e que a aplicação desses produtos seja da responsabilidade de um agrónomo ou outro técnico de ciências agrárias. Claro que não se discute a necessidade de receita médica para comprar o antibiótico, até porque é evidente a sua necessidade. Já no que diz respeito à livre aquisição de pesticidas por parte de qualquer pessoa, incluindo menores, muito há que fazer. Se tomarmos em
consideração o grau de toxicidade de alguns produtos, a necessidade de rigor técnico na sua aplicação, o efeito que podem ter sobre o ambiente e o perigo que eles representam para quem os manuseia e aplica e para os consumidores dos produtos agrícolas a que eles são aplicados, então poderemos mesmo dizer que o rei vai nu.

Anónimo disse...

(continuação)

A exigência legal de uma receita para a compra dos pesticidas é algo que já se pratica noutros países, incluindo alguns com quem temos relações privilegiadas, como o Brasil.
Em Portugal, algumas cadeias de comercialização já exigem que os seus fornecedores só apliquem pesticidas recomendados pelo engenheiro agrónomo que dá assistência técnica à exploração. Mas é importante que se caminhe rapidamente no sentido de reconhecer aos médicos do campo, os engenheiros agrónomos, o seu importante papel na produção de alimentos saudáveis, de forma a evitar que a medicina se defronte cada vez mais com difíceis problemas de saúde que têm a sua origem na alimentação. Como dizia Pierre Delbet, um professor de medicina francês, “nenhuma actividade humana, nem mesmo a medicina, tem tanta importância para a saúde como a agricultura”.

*Docente da Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais - Universidade do Algarve

Anónimo disse...

Só por ignorância ou má-fé é que se pode afirmar que a prática da agricultura intensiva é benefica destro do PNSACV nesse concelho rico PRM.
"Quais seriam as alternativas?"
Boas praticas.
"Dizer aos produtores e proprietários do Mira que se ponham a andar dali para fora?"
E não foi já isso que fizeram?
"Obrigá-los a converterem-se à agricultura biológica?"
É um caminho num Parke natural a agricultura tem de ser amiga do ambiente, biologica.
"Sejamos realistas, exijamos o possível!"
O possível era não haver um subsidio para essa agricultura intensiva, íamos ver se nesse concelho rico haviam muitas intensividades inimigas do ambiente...
Apelo ao ICNB para intruduzir aqui nestes dois concelhos pobres estufas,no vale da telha e no promotorio de sagres encher aquilo com estufas e meter camones a apanhar morangos de escadote, era um fartote...

DG

Anónimo disse...

Nunca afirmei que a agricultura intensiva é benéfica para o PNSACV. O que contestei foi a afirmação de que o POPNSACV incentiva a agricultura intensiva.

O plano de ordenamento limita-se a assumir uma visão realista nesta questão. Na impossibilidade de acabar de vez com as práticas de agricultura intensiva no perímetro de rega do Mira, procura-se discipliná-la e minimizar os seus efeitos nefastos. Tão simples quanto isto !

MSP