Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira - Consulta Pública

No período compreendido entre 14 de Abril de 2009 e 5 de Junho de 2009, decorre a consulta pública da Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira.

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Perguntas frequentes:

ENGIZC

Para que serve a ENGIZC?

A Gestão Integrada da Zona Costeira [GIZC] procura conciliar as diferentes políticas com impacto na zona costeira de acordo com um quadro de referência que facilite a ponderação de interesses e a coordenação das intervenções de todos os que são responsáveis e estão envolvidos na utilização, ordenamento, planeamento, gestão e desenvolvimento destas áreas. A missão da ENGIZC é garantir a adequada articulação e coordenação das políticas e dos instrumentos que asseguram o desenvolvimento sustentável da zona costeira.

O que é a zona costeira?

Zona costeira é a porção de território influenciada directa e indirectamente, em termos biofísicos, pelo mar (ondas, marés, ventos, biota ou salinidade) e que tem, para o lado de terra, a largura de 2km medida a partir da linha da máxima preia-mar de águas vivas equinociais (LMPMAVE) e se estende, para o lado do mar, até ao limite das águas territoriais (12 milhas náuticas), incluindo o leito.

Qual é a VISÃO da Zona Costeira?

Uma zona costeira harmoniosamente desenvolvida e sustentável tendo por base uma abordagem sistémica e de valorização dos seus recursos e valores identitários, suportada no conhecimento científico e gerida segundo um modelo que articula instituições, coordena políticas e instrumentos e assegura a participação dos diferentes actores intervenientes.

A VISÃO formulada consagra um desenvolvimento da zona costeira balizado por valores como a identidade, a sustentabilidade, o ordenamento e a segurança, aos quais se deve subordinar o aproveitamento competitivo dos potenciais marinhos e marítimos, tanto naturais como culturais, existentes.


- Uma zona costeira com identidade própria
- Uma zona costeira sustentável
- Uma zona costeira bem ordenada
- Uma zona costeira segura e pública
- Uma zona costeira competitiva

A compatibilização destes interesses obriga a que a concretização da VISÃO atribua um estatuto de centralidade às seguintes dimensões:


- Conhecimento científico e técnico, como dimensão de suporte à decisão e impulsionadora da adopção de novos paradigmas;


- Gestão responsável e eficaz, sustentada no conhecimento adequado dos processos e dos seus impactos, de acordo com o princípio da precaução, na articulação e co-responsabilização intersectorial e no envolvimento das comunidades locais e dos agentes interessados.


Quais os princípios da ENGIZC?

A VISÃO assenta no sistema de princípios definidos no documento “Bases para a Gestão Integrada das Zonas Costeiras Nacionais”, os quais integram as orientações comunitárias e o sistema de valores reflectidos nos instrumentos de gestão territorial nacionais e que deverão orientar a ENGIZC:

- Sustentabilidade e solidariedade intergeracional
- Coesão e equidade
- Prevenção e precaução
- Abordagem sistémica

- Conhecimento científico e técnico

- Subsidiariedade

- Participação, potenciando o activo envolvimento do público

- Co-responsabilização

- Operacionalidade

Quais as opções estratégicas?

As opções estratégicas da ENGIZC, que se concretizam em objectivos e respectivas medidas, foram definidas com base em opções alternativas estruturadas em 3 dimensões estratégicas: temática, institucional e modelo de governança. Na figura seguinte apresentam-se as diferentes opções estratégicas alternativas que foram consideradas e constituíram o objecto da Avaliação Ambiental Estratégica.

A Avaliação Ambiental Estratégica permite evidenciar as seguintes directrizes de orientação estratégica para a prossecução da Visão:

  • Um modelo de ordenamento e desenvolvimento da zona costeira que articule as dinâmicas sócio-económicas com as ecológicas na utilização dos recursos e na gestão de riscos (abordagem ecossistémica);

  • Um modelo institucional de GIZC alicerçado na articulação de competências, tendo por base a co-responsabilização institucional em torno de uma entidade coordenadora nacional;

  • Um modelo de governança de GIZC assente na cooperação público-privado, que aposta na convergência de interesses através de parcerias para a gestão das zonas costeiras, incluindo a figura de associações de utilizadores, assumindo a co-responsabilização na partilha de riscos.


Objectivos

  • Conservar e valorizar os recursos e o património natural, paisagístico e cultural

  • Antecipar, prevenir e gerir situações de risco e de impactos de natureza ambiental, social e económica

  • Promover o desenvolvimento sustentável de actividades geradoras de riqueza e que contribuam para a valorização de recursos específicos das zona costeira

  • Aprofundar o conhecimento científico sobre os sistemas, os ecossistemas e as paisagens costeiros

  • Desenvolver a cooperação internacional

  • Reforçar e promover a articulação institucional e a coordenação de políticas e instrumentos

  • Desenvolver mecanismos e redes de monitorização e observação

  • Promover a informação e a participação pública

Medidas

  • Reforçar e promover um quadro normativo específico para a gestão da zona costeira

  • Incentivar e efectivar os mecanismos de gestão da zona costeira

  • Clarificar os procedimentos do licenciamento das principais actividades valorizadoras de recursos específicos exercidas na zona costeira

  • Completar a constituição de uma rede coerente e integrada de áreas protegidas marinhas

  • Assegurar a implementação do programa de intervenção prioritária de valorização da zona costeira

  • Promover a gestão integrada dos recursos minerais costeiros

  • Identificar e caracterizar as áreas de risco e vulneráveis e tipificar mecanismo de salvaguarda

  • (Re)avaliar a necessidade de intervenções “pesadas” de defesa costeira através da aplicação de modelos multi-critérios

  • Incorporar nos planos de contingência os riscos específicos da zona costeira

  • Proceder ao inventário do domínio hídrico e avaliar a regularidade das situações de ocupação do domínio público marítimo

  • Integrar no quadro dos instrumentos de gestão territorial a problemática da gestão integrada da zona costeira

  • Criar um quadro de referência estratégica para o desenvolvimento de actividades económicas de elevado valor acrescentado dirigidas à valorização dos recursos marinhos

  • Promover a criação de condições favoráveis ao acolhimento e ao desenvolvimento de actividades da náutica de recreio e de turismo costeiro sustentável

  • Promover publicações técnicas sobre as boas práticas para os usos e actividades sustentáveis da ZC

  • Criar a plataforma de conhecimento de I&D para a zona costeira

  • Assegurar uma formação técnica adequada às exigências da gestão integrada da zona costeira

  • Promover o desenvolvimento de mecanismos de cooperação entre estados e regiões em matéria de GIZC

  • M_18: Desenvolver um programa nacional de monitorização dos sistemas costeiros, das comunidades bióticas e da qualidade ambiental

  • Constituir a plataforma de cooperação que envolva instituições públicas e privadas e que seja um mecanismo para a interpretação integrada da evolução da zona costeira

  • Desenvolver um programa de informação e sensibilização sobre a zona costeira


Quais os objectivos e as medidas?

Tendo em consideração a VISÃO, os princípios e as opções estratégicas que deverão orientar a ENGIZC, foram definidos objectivos de carácter temático e transversal. Estes objectivos são consubstanciados através de medidas, cuja descrição é sistematizada através de um conjunto de indicadores importantes para sua concretização.

Que modelo de governança?

Plataforma de concertação política - espaço de articulação inter-ministerial - Ministérios (MAOTDR, MDN, MOPTC, MEI) e RA;

Plataforma de cooperação – espaço de coordenação de políticas e de intervenções na zona costeira - ANMP, ANPP, ONG (…);


Plataforma de conhecimento – espaço de produção de conhecimento científico e de interpretação da zona costeira - Instituições Universitárias e de Investigação, Laboratórios do Estado (…)


A ENGIZC propõe um modelo de governança que tem em conta a valorização do conhecimento de suporte e as especificidades do quadro institucional.

A ENGIZC contribui para clarificar e racionalizar o modelo de governança de um conjunto complexo e multifacetado de intervenções na zona costeira, num quadro institucional caracterizado pela diversidade e sobreposição de múltiplas tutelas e jurisdições.


AAE da ENGIZC


Porque foi realizada uma AAE da ENGIZC?

A AAE da ENGIZC foi a primeira AAE a nível de política realizada em Portugal e decorreu de uma iniciativa voluntária do INAG, I.P.. A AAE foi usada estrategicamente para influenciar e ajustar a abordagem estratégica da ENGIZC, o que permitiu demonstrar o papel potencial da AAE na integração das questões de ambiente e sustentabilidade na concepção de estratégias, estabelecendo mecanismos que permitem acompanhar a estratégia ao longo do seu ciclo de vida.


Qual o objecto de avaliação da AAE?

A AAE da ENGIZC adoptou dois objectos de avaliação. O primeiro consistiu no conceito estratégico da ENGIZC, que foi identificado através de opções estratégicas, definidas no quadro da AAE.

O segundo objecto de avaliação consistiu nas linhas e finalidades estratégicas preconizadas na ENGIZC, expressas através de objectivos e medidas de acção.

O que são os Factores Criticos para a Decisão?

Os Factores Críticos para a Decisão (FCD) são temas seleccionados como pontos focais para a avaliação estratégica. Distinguem-se por serem críticos para a decisão estratégica, constituindo o âmbito de análise, reflexão e avaliação sobre as oportunidades e os riscos das estratégias a desenvolver. Os FCD adoptados reflectem uma integração das linhas de orientação estratégica da ENGIZC, das macro-políticas de enquadramento (Quadro de Referência Estratégico), e da dimensão ambiental e de sustentabilidade. Os FCD estabelecem a estrutura da AAE e são associados a critérios de avaliação e respectivos indicadores que, no seu conjunto, estabelecem o âmbito e a profundidade da avaliação ambiental tal como legalmente exigido.

Na AAE da ENGIZC foram identificados quatro FCD que se descrevem no quadro seguinte.

Factores Críticos para a Decisão

Sistemas ecológicos e paisagens costeiros: Riqueza biológica, serviços dos ecossistemas, património cultural, incluindo arqueologia submarina, valorização dos bens e serviços ecológicos, protecção ambiental

Recursos e usos costeiros: Potencial e sustentabilidade dos recursos costeiros (e.g. recursos hídricos e pesqueiros), compatibilidade de usos e actividades económicas, comunidades costeiras, actividades dependentes da proximidade ao mar, conectividade territorial e marítima

Riscos naturais e tecnológicos: Dinâmica de funcionamento natural, conflitos gerados por actividades, vulnerabilidade às alterações climáticas, capacidade de carga, ou limiares de alteração aceitável, e segurança marítima

Gestão e governança: Modelos de gestão e cooperação institucional, conhecimento interdisciplinar, abordagem ecossistémica ao planeamento e gestão adaptativa, participação e envolvimento de agentes, restrições e condicionamentos de uso.

Quais os resultados da avaliação?

A avaliação estratégica foi conduzida em duas fases. Numa primeira fase procedeu-se à avaliação das opções estratégicas, tendo como resultado as seguintes opções preferenciais:

  • Um modelo de ordenamento e desenvolvimento fundado nos sistemas socio-ecológicos que caracterizam a zona costeira nacional, onde se articulem as dinâmicas sócio-económicas com as dinâmicas ecológicas na utilização dos recursos e na gestão de riscos (abordagem ecossistémica);

  • Um modelo institucional alicerçado na articulação de competências em matéria de gestão das zonas costeiras, tendo por base a co-responsabilização institucional, em torno de uma entidade coordenadora nacional;

  • Um modelo de governança assente na cooperação público-privado, que aposta na convergência de interesses em torno de parcerias para a gestão das zonas costeiras, assumindo uma co-responsabilização na partilha de riscos.

Numa segunda fase a AAE procedeu à avaliação dos objectivos estratégicos da ENGIZC através da interpretação das respectivas medidas e acções preconizadas na ENGIZC, identificando as oportunidades e riscos fundamentais, por FCD, através dos respectivos critérios e indicadores. De entre as principais conclusões da avaliação ressalta-se:

  • A ENGIZC foi dominada por uma perspectiva tecnológica de prevenção e gestão de riscos

  • A ENGIZC tem uma abordagem técnica e científica muito evidente, com menos ênfase na importância do conhecimento tradicional para a gestão sustentável dos recursos costeiros

  • A AAE recomendou uma avaliação forte dos sistemas socio-ecológicos como uma prioridade estratégica a ser seguida

  • O modelo de governança adoptado pode fornecer um quadro estratégico que é consistente com as prioridades relativas às medidas adaptativas para as alterações climáticas

  • O processo de formação de política, e da respectiva AAE, não foram ideais em termos de participação pública, sectorial e de envolvimento de agentes

  • Os resultados quer da ENGIZC quer da AAE irão ser objecto de uma alargada comunicação e discussão, através de um processo participado

  • A ENGIZC terá um ciclo de revisão pequeno que permitirá a actualização do processo estratégico em função da evolução das circunstâncias e da alteração de contextos


Quais as directrizes de seguimento?

As directrizes de seguimento em AAE destinam-se a identificar medidas e acções a desenvolver para assegurar um bom desempenho ambiental da ENGIZC tendo em vista objectivos de sustentabilidade. Foram estabelecidos três tipos de directrizes, e identificadas para cada um dos FCD:

1 - Directrizes de planeamento e gestão: a serem integradas nas acções de planeamento subsequentes à aprovação da ENGIZC, ou a serem asseguradas no âmbito dos modelos de gestão das zonas costeiras;

2 - Directrizes de monitorização: a serem desenvolvidas no âmbito de um sistema de monitorização da implementação da ENGIZC;

3 - Directrizes de governança: destinam-se a dar conta das condições institucionais e de responsabilidade para um melhor desempenho da ENGIZC em relação às oportunidades e riscos de sustentabilidade identificados.


AVISO

PARTICIPE

DOCUMENTOS

FICHA DE PARTICIPAÇÃO



Fonte: INAG



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