Pesca descarregada nos portos do arquipélago duplicou em 2010


O volume de pesca descarregada nos Açores em 2010 duplicou face ao ano anterior e o valor obtido na primeira venda do pescado registou um aumento de 28 por cento, revelou hoje o Serviço Regional de Estatística (SREA).

No ano passado, a pesca descarregada nos portos do arquipélago atingiu 18,9 mil toneladas, que renderam 39,6 milhões de euros, enquanto em 2009 as capturas atingiram 9,4 mil toneladas, gerando um rendimento em primeira venda de 30,1 milhões de euros.

Segundo os dados do SREA, a duplicação do volume de pesca descarregada deveu-se a um crescimento inédito de capturas de espécies pelágicas (atuns), que triplicaram relativamente a 2009, passando de 5,3 mil toneladas para 15,4 mil.


Em termos de rendimentos, verificou-se uma subida de receitas na venda de pelágicos (espécies que vivem em oceano aberto, longe da costa) de 8,8 milhões de euros para 19,7 milhões.


No que se refere às capturas de espécies demersais (que vivem em águas profundidas), registou-se no ano passado uma evolução contrária, com quebras no volume de pesca descarregada e nos rendimentos obtidos em lota.


Em 2010 foram descarregadas nos portos do arquipélago 2,9 mil toneladas de demersais (3,6 mil toneladas em 2009), que renderam em primeira venda 19,8 milhões de euros (17 milhões em 2009).


Numa análise aos dados de 2010, José António Fernandes, presidente da Federação de Pescas dos Açores, destacou à Lusa o “excecional” volume de capturas de tunídeos, salientando que se deveu à conjugação de fatores como a temperatura das águas e a direção das correntes marítimas, que determinaram a passagem de grandes cardumes pelos Açores especialmente em julho, agosto e setembro.


José António Fernandes recordou que condições semelhantes se registaram em 1988 e 1989, anos em que a pesca do atum atingiu também elevados rendimentos no arquipélago, para depois cair nos anos seguintes.


O dirigente federativo admitiu, por outro lado, que os bons rendimentos na pesca dos tunídeos se podem traduzir numa menor pressão sobre as espécies de profundidade, contribuindo para a criação de condições favoráveis à renovação de ”stocks”.


Segundo José António Fernandes, a quebra no volume de pesca de espécies demersais registada no ano passado revela um recuo de recursos dos mares açorianos em peixes de fundo.


“Há claramente um maior esforço de pesca resultante de uma melhoria da frota, que tem sido dotada de condições para pescarias mais prolongadas, mas verifica-se uma redução de rendimentos”, afirmou, revelando a existência de problemas com os ”stocks” de espécies como o congro, boca-negra e abrótea.

Fonte: radioatlantida

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