Perceves - A tradição já não é o que era

Perceve (Pollicipes pollicipes)

O perceve de nome cientifico (Pollicipes pollicipes) é um crustáceo que pode atingir entre os 10 e os 15 cm de comprimento total, podemos encontrar esta espécie e toda a costa Oeste da Bretanha até ao Senegal.

O seu habitat natural são as rochas localizadas na zona intertidal (zona entre marés), embora possamos encontra-los em zonas abaixo do nível das maiores marés. Vivem em conjunto, apelidados como "pinhas", fixados firmemente às rochas que são a sua defesa contra os mares mais bravos, por sinal é onde existe maior agitação que os mesmos se desenvolvem mais rapidamente, motivado claramente pelo difícil acesso e pelo transporte de comedia pela ondulação (zooplâncton - conjunto dos organismos aquáticos que vivem dispersos na coluna de água, apresentando pouca capacidade de locomoção que são, em grande parte, arrastados pelas correntes oceânicas).

As chamadas "pinhas"

A umas boas dezenas de anos que no Sudoeste Alentejano e na Costa Vicentina são/eram apanhados manualmente com o auxilio de uma "arrelhada", ferramenta que servia para a limpeza dos corrais dos animais, e que começou a ser utilizada com este fim.

"Arrilhada", pequena faca de mariscar e "bornel"
indispensável à apanha

A "arrilhada"

Bolsa ou "bornel"

Existe também outra espécie familiar ao perceve, mas esta não tem qualquer valor gastronómico, encontra-se frequentemente em bóias que ficam algum tempo em alto mar e que dão à costa ou são recolhidas por pescadores.

Os familiares afastados

Falar desta espécie de enorme valor proteico e gastronómico (basta juntar sal) é o que tem ocorrido desde que saiu a portaria 868/2006 que no seu artigo nº 3/11 diz:

Artigo 3 -Artes

2—A apanha lúdica só pode ser exercida manualmente, podendo os seus praticantes ser portadores de dispositivo do tipo bolsa que sirva exclusivamente paro transporte do resultado da apanha.

Artigo 11 - Limites à captura diária

2—O peso máximo total de capturas diárias de crustáceos e outros organismos distintos dos referidos no número anterior é de 2 kg, não sendo contabilizado para o efeito o peso do exemplar maior, excepção dos perceves, cujo peso máximo é de 0,5 kg.

Os mariscadores lúdicos dizem- -se “vítimas de desigualdade” pois as quantidades máximas de capturas diárias permitidas (estipuladas em dois quilos de crustáceos, não podendo ultrapassar o meio quilo de percebes) são consideradas irrisórias, uma vez que ninguém se desloca ao mar, desce uma falésia com 40 metros de altura para apanhar 500 gramas de perceves.

Talvez o animal auxiliar

Outro aspecto criticado pelos mariscadores/lúdicos desta área protegida tem a ver com o facto de que a legislação proibir o uso de instrumentos auxiliares (como a tradicional arrilhada), uma vez que para além de minimizar possiveis danos nos membros superiores permite que a apanha seja efectuada sem que se partam os perceves, uma vez que os mesmos estão firmemente fixados nas rochas, obrigando a que a apanha seja feita apenas com as mãos, pés ou “com o auxílio de um animal” – este último ridicularizado pelos mariscadores, para quem "só quem não percebe nada da actividade pode falar de animal auxiliar para apanhar percebes, lapas ou mexilhões".

5 comentários:

S. Ferreira disse...

Boa abordagem!

Um abraço,

Fernando Encarnação disse...

Boas Sérgio.

A abordagem é boa, não se vai chegar é a lado nenhum, já tenho saudades de provar um "percebinho", mas para meio kg nem para perto deles eu vou, apanhar perceves é pior que descargar contrabando, enfim...

Abraço.

Anónimo disse...

Meu amigo o que tá a dar é PESCAR E LIBERTAR !!! o mesmo se aplica aos percebes.

um grande abraço,
Miguel Coucello

Fernando Encarnação disse...

Viva Miguel.

"Meu amigo o que tá a dar é PESCAR E LIBERTAR !!! o mesmo se aplica aos percebes."

Pois eu sei...

O problema é que isto continua na mesma, houve uma lei 868 que regulamentou a pesca que se fazia encoberta de uma falsa pesca lúdica, as coisas continuam, falta fiscalização, com os perceves é rigorosamente igual, tanto fundamentalismo para isto e afinal os recursos estão ainda em pior estado, só não vê quem não quer, quem está sentado em secretárias ou preocupado com estudos técnicos.

Para quem anda em cima das pedras como eu na pesca sabe e vê claramente que nem existem defesos respeitados, nem medidas e muito menos as pedras são cuidadas, como se fazia antes deste fundamentalismo tomar conta de todos nós.

Em relatos que me chegam de quem faz vida disto, diz claramente que se vão a uma pedra e não os apanham no outro dia está lá alguém a ripar tudo, onde esta a fiscalização ou o estudo?

Para além de não falar no factor de "Privatizar" um recurso que é de todos nós claramente, e beneficiar uns em detrimento de outros, para não falar dos "meninos" que colocam garrafas de oxigénio e/ou compressores e fazem a dita colheita da praxe.

Os nos bancos de areia que tem assolado a nossa costa nos últimos anos que exterminam completamente o mexilhão e os perceves, eh, eh, eh, isto está lindo pois...

Enfim...

"O mar bate na rocha e quem se lixa é o mexilhão..."

Abraço eu sei que tu nem gostas de perceves...

Eu gostava...

;)

Johnybala disse...

Meio Kg?Lololololol...no minimo da para a cova de um dente a comer fará pra fazer negocio,vem me esses cabroes falar de meio Kg,quando por baixo da mesa de puderem levar uns peixitos a troco de nao passar umas multas e tal como aconteçe muito aqui no norte,eles k se atirem ou exprimentem ir busca las pra ver o meio kilo lolol!!!este governo definitivamente é uma vergonha,comem tudo e nao deixam nada!!!