O movimento provocou o deslocamento de um bloco de 569 km2 da plataforma de Wilkins, que já perdeu 414 km2. A plataforma, cuja superfície é de 12.950 km, está actualmente sustentada por uma faixa de apenas 5,6 km entre duas ilhas.
Segundo imagens de satélites, o derretimento já afecta uma longa faixa sobre a plataforma de Wilkins, e foi acentuado em 28 de Fevereiro, com uma queda súbita que formou um icebergue de 25,5 km por 2,4 km.
Nos últimos cinquenta anos, a parte ocidental da península Antárctica registrou o maior aumento de temperatura no globo, com alta de 0,5 graus centígrados a cada dez anos.
Uma gigantesca plataforma de gelo com 415 km2, quatro vezes superior à área de Paris, está a desintegrar-se na Antárctida. Os cientistas dizem que o colapso é eminente e que só por milagre isso ainda não aconteceu.
O fenómeno agravou-se este ano. "Viemos à plataforma Wilkins para vê-la morrer, o que pode acontecer a qualquer minuto. Eu não esperava presenciar isso tão depressa", disse David Vaughan, cientista da BAS- British Antarctic Survey, o organismo que monitoriza a região.
Boa parte da plataforma está protegida apenas por uma faixa de gelo entre duas ilhas.
Segundo Vaughan, se na Primavera passada o bloco já estava ligado por um fio, agora o que o prende à península é "um filamento". Ou seja, uma franja de 40km de largura e 500 metros de espessura no seu ponto mais estreito, o que dá a essa formação um formato de ampulheta. Há 50 anos, essa faixa de gelo que a mantém coesa tinha quase 100 km de largura.
Processo de desintegração relâmpago
Video Reuters
Originalmente, a plataforma Wilkins cobria 16 mil quilómetros quadrados e permaneceu estável durante a maior parte do século XX. A desintegração começou na década de 90.
Só em 1998 houve uma separação de blocos de um total de 1 000 km2, em questão de meses. Mas mesmo já tendo perdido um terço da sua superfície, a Wilkins ainda tem uma área equivalente à da Jamaica. A Antárctida tem enfrentado um aquecimento sem precedentes nos últimos 50 anos, de quase 3ºC. Em torno da plataforma em desintegração, vêem-se icebergues gigantescos no mar, onde focas vagueiam à deriva sobre blocos de gelo.
Em 1993, Vaughan fez uma previsão de que a porção norte da plataforma desapareceria dentro de 30 anos. O pesquisador foi enviado pela British Antarctic Survey ao local para registar imagens mais próximas do que as obtidas por satélite.
Na segunda-feira passada foi a primeira vez que um avião aterrou perto da parte mais estreita da plataforma Wilkins. E provavelmente a última.
Fonte:Expresso
BAS Monitorização
Sem comentários:
Enviar um comentário