Robalos nas Ondas (a reprodução)


O robalo (Dicentrarchus Labrax), é sem duvida a especie mais cobicada do nosso panorama de pesca costeiro, qualquer que seja a tecnica utilizada, bóia, spinning, tento, surf casting, buldo/corrico, chumbadinha, vertical jigging, este nobre e poderoso peixe protegido por a sua "armadura metalizada" é de facto um troféu para o pescador, deparamos-nos com um grande lutador, caçador e perdador.

Vemos nele um sonho de uma jornada, a adrenalina de um momento, um sonho e objectivo, factores mais que justificativos para tantas horas de dedicação matinal ou nocturna, frios e chuvas onde por vezes pensamos se não seria melhor termos ficado em casa no conforto do lar.

O robalo pode ser encontrado desde as margens menos profundas onde já os avistei com o lombo e barbatana caudal à superficie, entre rebolos de pedra, mas podem ser encontrados até sensivelmente 100 metros de profundidade.

Na altura da reprodução (Novembro a Março/Abril), é uma espécie em que os mais pequenos ou medios exemplares, circulam calmamente em grandes cardumes, uma vez que juntos sentem-se mais protegidos, uma vez que não tem de andar no frenezim da alimentação competitiva, embora por vezes se juntem para cercar ou encorralar pequenos ou grandes cardumes de peixes, tipo cerco. Os maiores exemplares são solidários ou andam em casais (na altura da desova/reprodução, sendo compostos por uma fêmea e dois machos
), podem formar grandes cardumes como os mais pequenos, quando caçam ou andam em busca de cardumes de petinga, podem tambem concentrar-se em locais de repouso (buracos ou fendas), ou em locais de comedias poderão executar o "team work" para cercar ou encorralar pequenos ou grandes cardumes de peixes.

É Inverno...
Estão gordos...
Reluzem...
As fêmeas estão ovadas e prontas para finalizar mais um ciclo reprodutivo...
A continuidade da espécie...
A continuidade dos sonhos...

Deparamos-nos com uma espécie bastante territorial, quer na reprodução, como na caça ou repouso.

Perferem águas mais quentes já que as águas mais frias minimizam o seu consumo de energia e disgestão, embora exista a coincidência das águas frias serem na altura da reprodução (outro factor que os leva a não andarem tão activos).

O Robalo é um predador activo que por norma persegue a presa, calcula a energia que poderá despender nessa perseguição, e para minimizar perdas de energia em vão, opta por caçar emboscado ou em locais que a turbulência das águas diminuem a capacidade de fuga de pequenos peixes, moluscos ou crustáceos, como não é portador de dentição engole esses alimentos vivos e inteiros pois possui um apetite extremamente voraz.

Poderemos apelida-lo de "Sniper furtivo", pois caça emboscado sobre pedras ou lajões em zonas de rebentação onde a sua visão, linha lateral sensorial, ouvido interno e olfacto são tão poderosos que se sobrepõem-se a qualquer espécie, daí o espectacular predador que é.

São peixes costeiros que percorrem a costa consoante e dependendo dos fundos, uma vez que dependem deles para sua subsistência, as alterações dos fundos poderão ditar a permanência ou partida para outros locais.

As marés são também um factor importante que usam para sua performance alimentícia, e é no enchente e preia-mar que caçam, já no vazante ou baixa-mar, preferem afastar-se ou procuram fendas ou buracos para repouso. Embora dependa um pouco, por exemplo nos rios normalmente a melhor altura é a vazante, como não existe grande oxigenação de água motivada pela ondulação, os Robalos utilizam a corrente para sua alimentação, permaneçendo e alimentando-se na mesma, na zona costeira depende muito dos nossos conhecimentos, estratégias a utilizar ou zonas em si para os encontrarmos.


A seu ciclo biológico situa-se entre Novembro a Março/abril, onde começam a juntar-se em grandes cardumes, entre Janeiro e Fevereiro ocorre a desova das fêmeas, onde os machos procedem a fecundação dos ovos, que poderá prolongar-se por mais um mês sensivelmente.

É mais que sabido o seu gosto por águas salobras ou afluentes de água doce, por exemplo vivo em pleno Rio Mira a 34 km do mar, e é normal vermos por aqui grandes exemplares alimentando-se de pequenas tainhas, um local que já algum tempo deixou de ter um grau de salinidade devido ao assoreamento da foz do Mira (Vila Nova de Milfontes).

Na altura da reprodução;

- As fêmeas começam a frequentar as zonas onde irão fazer a desova;
- Os machos agrupam-se e patrulham estes locais;
- As fêmeas deslizam pelos fundos entocando e saindo das tocas gradualmente (situação que nada tem a ver com o seu "parente" de água doçe o Achegã, pois os Robalos não fazem "ninhos");
- Os machos nadam a meia água mantendo a vigilância;
- A desova também depende muito da temperatura da água;
- Chega a altura em que as fêmeas vão depositar na areia grossa ou cascalho os ovos e os machos os cobrem com sémen;
- É uma época em que os fundos são quase unicamente os de areia, pedra rolada ou cascalho;
- Muitos dos ovos vão eclodir, outros vão ser comidos, enterrados ou levados por correntes, mas muitos nascerão e quando chegar a altura darão continuidade à espécie da mesma forma que os seus pais, avós, etc;

É a natureza da vida e do robalo...


14 comentários:

Anónimo disse...

mais um belo artigo fernando :), para nao variar mais um texto para uma futura biblia da pesca

Fernando Encarnação disse...

Viva Miguel, obrigado pelo comentário caro amigo, vamos ver se vemos algum nascer brevemente lá mais para cima.
Era mais para uma futura Biblia de compreensão e sensibilidade para estas alturas, afinal trata-se da sustentabilidade da espécie, da qual não podemos ficar indiferentes.

Abraço.

xandre disse...

Aqui fica os meus PARABÉNS pelo artigo.
E continua que a gente precisa.

Abraço
xandre

Fernando Encarnação disse...

Grande Xandre, os meus agradecimentos pelo comentário e pelo esclarecimento.

Grande abraço.

Toño disse...

Que bonito.
"armadura metalizada"
Full Metal Labrax

Enhorabuena

Fernando Encarnação disse...

Eh, eh, eh, amigo Toño...

Full Metal Labrax Power, sem duvida, una imponente espécie muy buena para puxar e criar adernalina.

Graçias e un saludo.

Anónimo disse...

Impresionante, una delicia...

noraboa, compañero.

Fernando Encarnação disse...

Buenas sargoloco, graçias pelo comentário, que hay passado con teu espaço?

Cordial saludo.

Javier Saldaña disse...

Hola Sargus.
Buen reportaje como siempre.
Me entero bastante pero he de hacerme con un traductor de portugues a español.
Fenomenal.
Un cordial saludo.

Fernando Encarnação disse...

Hola Javier.
Graçias amigo pela visita e opinião.
Quanto ao problemita, yo resolvo amigo:
"Me entero bastante pero he de hacerme con un traductor de portugues a español".

Basta que acedas a este link:

http://portunhol.elcio.com.br/

coloques lo site de la web que quereis visitar, es muy simples, toda la pagina da web fica traduzida, pero nom es una coisa 100 % mas iras entender melhor.

Un cordial saludo.

Javier Saldaña disse...

Hola Sargus.
Como siempre atento con todo.
Gracias por el enlace del traductor,mucho mejor asi.
Un cordial saludo.

Fernando Encarnação disse...

Buenas javier.
Mucho mejor asi, pois bueno.
Ja havia tentado colocar un similar auto traductor, mas esse penso ser ideal, pero que traduz toda la pagina e no so los layouts.

Un saludo.

Fernando Corvelo disse...

Mais um belo texto.
Parabens Fernando e continua o excelente trabalho aqui no teu blog.

Abraço,
Fernando

Fernando Encarnação disse...

Viva caro amigo Fernando Corvelo.

Obrigado pelo comentário, mas acho que é uma prova/homenagem que os nossos amigos robalos merecem, para além das capturas temos de ter o real conhecimento de toda a sua vida, e reconhecê-los por isso, aliás a natureza por si só é tão idêntica a dos Humanos, pena que por vezes esqueçamos esse pormenor...

Foi de facto algo que me sensibilizou os ter observado nas ondas na sua mais que manifestada etapa da vida que é a reprodução.

Que se prolongue assim por muitos anos.

Grande abraço.