Exercício de Combate à Poluição Marítima 2001

Exercício de Combate à Poluição Marítima
Plano Mar Limpo

Nos dias 8, 9 e 10 de Maio de 2001, desenrolou-se na zona de SINES mais um exercício de combate à poluição marítima, no âmbito do Plano Mar Limpo (PML) sob a responsabilidade do Serviço de Combate à Poluição Marítima (SCPM) da Direcção Geral de Marinha, organismo de cúpula daquele plano.

O cenário do exercício foi inspirado num acidente real ocorrido em 1989 à entrada do porto de Sines com o petroleiro Marão. Recorde-se a propósito que este acidente ocorreu em plena época balnear provocando um derrame de crude, que para além de consequências nefastas para o meio ambiente provocou sérios danos na economia da região.

Assim, o cenário era o seguinte:

Em 9 de Maio o navio tanque “Baleia Branca” procedente do Médio Oriente carregado com 130 000 tons de “Iran heavy crude” ao efectuar a aproximação do Terminal Petrolífero do Porto de Sines, debaixo de cerrado nevoeiro, embateu na cabeça do molhe Oeste tendo sofrido dois rombos abaixo da linha de água na zona do encolamento, os quais afectaram os tanques de BB nºs 1 e 4.

Supostamente, foram derramadas 4 875 tons de produto, pelo que foi considerado que o acidente atingiu o Grau 2 previsto no PML, passando pois a coordenação das operações a ser da responsabilidade directa do Chefe do Departamento Marítimo do Centro, conforme prevê aquele Plano.


Localização do incidente e áreas afectadas.

O produto derramado viria a afectar as seguintes áreas costeiras:

- Zona 1 – Lagoa de St. André

- Zona 2 – Praia da Lagoa de Melides

- Zona 3 – Praia de S. Torpes

- Zona 4 – Praia das Furnas

- Zona 5 – Porto de Sines


De imediato, após dado o alarme, foi constituído um Centro de Operações que coordenou as seguintes acções:


- Operação de evacuação de feridos

- Reconhecimento da mancha.

- Operação de recolha dinâmica no mar.

- Operação de recolha dinâmica no interior do Porto de Sines.

- Operação de recolha e limpeza do litoral (Praias).

A operação de recolha dinâmica no mar ficou a cargo do rebocador “Barra de Leixões”, fretado pela Sacor Marítima e disponibilizado à DGM para este exercício, que para o efeito lançou uma barreira oceânica e operou um skimmer, devidamente auxiliado por um rebocador da Administração do Porto de Sines (APS).

O “Barra de Leixões” recolhe produto no Mar.

Foram ainda simuladas operações de protecção de zonas sensíveis, contenção e recolha de produto e limpeza de praias nas zonas costeiras supostamente afectadas. Para esta acção o SCPM contou com a colaboração de meios materiais e humanos afectos aos Serviços Municipais de Protecção Civil dos municípios afectados.

Em Vila Nova de Milfontes, pessoal da DGM procede à limpeza da praia com a colaboração de meios materiais e humanos pertencentes à Câmara Municipal e Bombeiros Voluntários de Odemira.

Em todo o exercício foi notória a franca colaboração entre os diversos organismos envolvidos, tal como prevê o Plano Mar Limpo (Autoridade Marítima, Exército, Força Aérea, Forças de Segurança, Autoridade Portuária e Serviços Municipais de Protecção Civil). Colaboraram ainda diversas corporações de Bombeiros Voluntários e Empresas Privadas.

Como inovação relativamente aos exercícios anteriores, foram constituídos Grupos de Trabalho (Tipo Mesa Redonda) com a presença de peritos na matéria (nacionais e estrangeiros), que debateram os seguintes temas:

- Recuperação de organismos (fauna e flora) contaminados pela mancha;

- Gestão dos resíduos/Utilização de dispersantes;

- Armadores/Carregadores: questões legais, técnicas e operacionais.

A Direcção Geral de Marinha, em colaboração com o CILPAN (Centro Internacional de Luta Contra a Poluição do Atlântico Nordeste – Acordo de Lisboa) convidou observadores pertencentes a diversos organismos públicos e privados ligados de forma directa ou indirecta às questões relacionadas com a poluição marítima que embarcaram no dia 9 no NRP “João Roby” onde acompanharam de perto as operações no mar. No dia seguinte os observadores acompanharam em terra as operações de limpeza. Estiveram ainda presentes observadores da União Europeia, Reino Unido, Espanha e Marrocos.

No final os comentários eram unânimes em considerar que o exercício atingiu plenamente os objectivos, não ficando nada a dever aos exercícios semelhantes que se vão realizando nos outros países membros do Acordo de Lisboa (França, Espanha e Marrocos).

Vasco Galvão
CTEN
(Colaborador do CILPAN)

Fonte: Marinha.pt

Foi o ultimo simulacro de que há memoria e já passaram sete anos, terá havido inovação dos materiais de combate a situações destas?
E quem os fiscaliza?
O MAI - Ministério da Administração Interna; MAP - Ministério da Agricultura e Pescas, MA - Ministério do Ambiente, Ministério da Economia ou Ministério da Defesa?

Pelo exemplo acima será o Ministério da Defesa (Marinha), mas porque será que não se continuou a praticar estes simulacros de sensibilização e operacionalidade?

Estaremos à espera de outro Marão?

Todo o impacto de uma situação destas será catastrófica em termos ambientais, económicos e sociais e disso todos nós sabemos e temos consciência, resta saber se todos nos estaremos preparados para uma situação deste tipo.

2 comentários:

Jorge Silva Paulo disse...

É com satisfação que respondo ao texto acima, informando que houve já três simulacros depois de 28-Jul-08: "Darque 2008", 16-17 Set em Viana do Castelo; "Austral 2008", 17-18 Nov na Salema; e o sub-cenário 4C do PROCIV IV em 23-Nov no rio Tejo junto ao Barreiro.
Jorge Silva Paulo
CMG
Chefe do Serviço de Combate à Poluição do Mar por Hidrocarbonetos
Direcção-Geral da Autoridade Marítima

Anónimo disse...

Genial post and this post helped me alot in my college assignement. Thanks you on your information.