Será sorte...


Único dia com condições propícias para o desenrolar de uma enchente digna de uma jornada de pesca ao sargo. Local escolhido não foi ao acaso, não propriamente um local sem características, muito pelo contrário, com aquelas condições que nos fazem acreditar que água é sinonimo de peixe. Uma zona com grandes colónias de percebes e mexilhão, duas entradas de água que projectavam a oxigenação a uns seis metros da pedra, com pedras submersas e uma tonalidade de azul digno de se ver, foi a nossa primeira observação do local, nunca o tínhamos visto, nunca lá tínhamos estado, assim que observei algumas movimentações da ondulação, a primeira impressão foi comentada com o companheiro Pedro Cortes, ou seja, um local para três pesqueiros em dez metros, posteriormente havíamos de encontrar outro local, mediante a movimentação submersa dos nossos amigos, a corrente de engodo que iríamos estabelecer e o estado do mar e vento, mas fiquei logo com a impressão de termos de nos deslocar ligeiramente para o nosso lado direito.


Estabelecemos a “base” logística mais recuada e a plataforma operacional mais avançada, junto à linha de água, foi colocado o balde de engodo moído e os iscos, ou seja sardinha e camarão, não foi utilizado por mim qualquer outro isco que não fosse camarão em 90% das iscadas e 10% sardinha, não fossem os robalos, douradas ou pargos aparecerem, aquelas espécies que por vezes marcam a sua passagem nos pesqueiros e nem nos damos conta da sua presença, existem sinais evidentes das mesmas, como por exemplo, estarmos a efectuar capturas e um bom ritmo e deixarmos de as fazer de um momento para o outro sem razão aparente, ou seja, engodagem bem efectuada e não castigar o pesqueiro com movimentações bruscas nossas fora de água, sangue e escamas para a água do peixe capturado ou ferrado, muito tempo sem engodar, muitas bóias a cair no local onde vamos ferrar os exemplares, etc.


Preparamos as montagens enquanto ia lançando umas meias colheres de engodo, só para ver como se movimentava o mesmo na superfície da água, ao mesmo adicionei duas cabeças de sardinha partidas em 8 partes para funcionarem como indicador para onde as nossas amigas aves do litoral nos dariam o tal sinal, uma vez que o engodo inicial estava previamente moído.

Tínhamos tudo preparado e dentro da “descontracção sustentável” enviei mais um pouco de engodo para os dois pesqueiros que nos iam ocupar na próxima hora…

Peguei na Samurai de seis metros, constituída por carbono C5 Radial de alto modulo equipada com o carreto Ryobi Sert Sun Reef 5008, na bobine tenho o 0,28 mm flourcarbono, utilizei chumbos de dez gramas com o anzol 1/0 Chinú 4269, na minha opinião ideal para a iscada com camarão e sardinha. Como que de uma sonda se tratasse, comecei a sondar o pesqueiro, ora fundo, ora mais a meia água, mais ao largo, a média distancia e junto à pedra, e os primeiros toques não demoraram muito, o Pedro do lado esquerdo com três sargos, eu na sondagem saíram-me duas safias de bom porte.


Mais meia colher de engodo e ferro um bom sargo. As capturas foram sendo efectuadas à medida que a maré se encontrava a subir, sempre bem “temperado” com um pouco de sardinha de modo a criar uma linha que me colocasse o peixe nos locais onde pretendia de imediato e posteriormente quando mudasse de local, com o mesmo engodo efectuasse a transferência de pesqueiro e do peixe que por lá esperávamos que estivesse.

Recordo-me de após ter engodado o local onde estava a apostar forte, ter ferrado um exemplar, o tal que fica para a memória e incerteza de todo o sempre, uma vez que o mesmo não foi identificado, nem cor, nem movimentação digna de exemplar a ou b, ferrei-o, abri um pouco o “drag”, para me posicionar a uns dois metros acima no nível do mar, pois a ondulação já fazia das suas e ai tinha condições de segurança para trabalhar aquele exemplar que não me saiu do fundo um único instante, e até duvido que o tenha levantado um palmo que fosse do fundo. Correu-me duas vezes para a direita e três para a esquerda e devolveu-me o anzol…

Pargo, dourada, nunca saberei, o isco era dois camarões num anzol 1/0 a roçar uma profundidade entre os seis a oito metros num fundo rochoso…

Parei um pouco, voltei a engodar, apenas por precaução, pois a luta ainda foi por uns minutos e apesar de ser um pouco afastado da pedra, podia ter feito estragos no pesqueiro.


Passados alguns minutos, volto a colocar a montagem mas mais junto à pedra, após a "revessa" do mar, numa zona de grande movimentação de água e ferro um exemplar considerável, um sargo de um quilo e setecentos gramas que veio a ser a minha maior captura do dia, este sargo não esteve mais que vinte segundos na água e veio conhecer um novo ambiente…

Chamei o Pedro e após algumas capturas seguidas no mesmo local, por ambos, fomos “expulsos” do local pelo mar. A impressão que tive na breve análise inicial sobre o pesqueiro, de termos de nos deslocar ligeiramente para o nosso lado direito, veio a verificar-se.


Após uma prévia transferência de uns cinco minutos de engodagem bastante pausada e em pequena quantidade, iniciamos a exploração deste novo local, o nível do mar já tinha subido consideravelmente e os nossos amigos já estariam “teoricamente” em pouca água. Efectuamos algumas capturas, até que optamos para a utilização das canas secundárias preparadas para a técnica de bóia, a minha opção foi a utilização da Warrior de seis metros, constituída por Carbono de alta resistência C3, equipada com o Crown 4000, já tendo esta cana há alguns anos, continuo a confiar nela pela sua robustez e polivalência.


Já o Pedro lutava com um bom exemplar que lhe afundou a bóia no instante seguinte à mesma ter tocado na água, quando falo em bóia entenda-se peão, pois dadas as condições de vento e ondulação era consideravelmente a melhor opção que dispúnhamos em termos de condições de trabalhar as nossas montagens.


Preparei a montagem, utilizando o F-Tech FlourCarbono 0,25, uns cinco metros de montagem inferior na bóia (tem o seu inconveniente se não for colocado um destorcedor nas argolas das bóias, principalmente na inferior, qualquer toque da bóia na pedra poderá trilhar ou cortar o nó que prende a montagem à bóia, levando-nos a perder tempo ou algum exemplar), utilizei chumbos de seis gramas com o anzol 1/0 Chinú 4269, um óptimo anzol para a iscada com camarão e sardinha.


O Pedro já se debatia com outro bom exemplar, quando efectuei o lançamento, inicialmente explorei uma zona de pedra que estava a descoberto na baixa-mar, tendo efectuado algumas capturas, e posteriormente fui explorar uma zona bastante afastada do local onde me encontrava, ao limite do lançamento com a bóia, ai foram efectuadas algumas capturas acima da média que tínhamos efectuado, eu e o Pedro chegamos a ter dois exemplares ferrados algumas vezes, sendo que esta não era uma zona que estava engodada, pois o engodo era forçado pela acção do mar a continuar a dirigir-se para o lado direito.

Alguns minutos antes de darmos por terminada a nossa jornada, pois aproximava-se uma trovoada considerável, tive um dano na ponteira da Warrior, muito por culpa do excesso de confiança em levantar exemplares acima do quilograma e recupera-los na vertical até à minha mão, um que se agitou mais em suspensão partiu-me o primeiro elemento.


Utilizando a Samurai com o peão ainda me deu mais alguns exemplares para comprovarem a sua versatilidade também na bóia.



8 comentários:

CANTINHO DA PESCA disse...

Parabéns excelente artigo dentro daquilo que já me habituaram , deixo-vos um abraço de BOAS FESTAS
JTCordeiro

Fernando Encarnação disse...

Grato pelo comentário caro JTCordeiro, desejo-lhe de igual forma umas Boas Festas para si e para os seus, e boas pescarias.

Abraço

PêJotaFixe disse...

Boas Fernando,
Ainda fizeram uma teca jeitosa de Sargos! Um grande abraço para o Pedro Cortes, que já não vejo há muito tempo.

Saúde e Boas Festas! ; ))

Francisco Belo disse...

Boas!
Muitos parabéns pelo artigo e pelos bonitos e bons peixes!
Boas Festas
Abraço

Fernando Encarnação disse...

Boas Paulo,

Alguns, quando estamos de férias podem-se monitorizar no sargómetro ;)

Saúde e boas entradas.

Fernando Encarnação disse...

Boas Francisco,
Obrigado.

Boas entradas.

deepfish disse...

O que é que acharam do Vega Crown?Obrigado

Fernando Encarnação disse...

Boas deepfish

Podes assistir a uma descrição do carreto em https://www.youtube.com/watch?v=0Oo8zTB2sdc

Eu pessoalmente acho uma boa maquina, com força e fiabilidade, um verdadeiro 4x4, já o usei na pesca à bóia aos sargos na galiza e a rebocar material não se nega.

Cumps