A pesca: Convém não exaltar o lado animalesco do homem

Resolvi elaborar uma entrada a propósito do comentário na entrada Os robalos não se medem aos palmos , pela Srª. Rosalina Soares, em Setembro 27, 2010.

Este "gozo" não deveria acontecer, bastaria o prazer de conseguir apanhar algo para comer...

Srª. Rosalina Soares, vou transcrever uma opinião que me "marcou" a minha filosofia de pesca e caça submarina já há alguns anos, elaborada por um dos melhores caçadores submarinos nacionais o António Luiz Pacheco, que passo a citar.

"Pensar a Caça, é o que faço desde há muito e cada vez mais, como ser pensante que sou e o que tantas vezes aqui tenho trazido, seja em artigos técnicos, histórias ou artigos de viagens. Eu sei perfeitamente porque caço!

Não caço para comer – isso faz o leão –, nem caço por instinto – isso fazem os meus cães –, eu caço em consciência! A minha “área cinzenta”, há muito que neste campo desapareceu, porque sei cada vez mais e melhor porque é que caço; ao fim de tanto tempo, tantos lugares, tantos peixes… mas continuo a filosofar sobre a caça, as minhas motivações, sobre aquilo que vejo e sinto, ainda e sempre, as sensações renovadas em cada jornada, sempre na expectativa do que vou ver, sentir, do que vai acontecer…do que está para além.

Penso também na morte, claro, eu sou caçador e como tal convivo com ela, inflijo-a e o assumo… mas também sei e cada vez com mais segurança que não gosto de matar, que a morte dos seres que caço não é o meu objectivo, mas sim a forma de atingir uma finalidade implícita ao caçador:

- A sua posse! Só assim me apodero deles fisicamente, os apreso !

Vê-los, guardar a sua imagem num papel, não me basta…porque eu sou um caçador!

Matar é uma consequência da caça, faz parte do processo como faz parte da vida. Mas não se resume a tal, o que é uma confusão comum entre os não-caçadores, que só conhecem a morte como sendo fruto do ódio e da violência. Eu pergunto então:

- Se o caçador mata por prazer, qual é a motivação dos amantes dos animais? Ter sexo com eles? É que na mesma linha do absurdo e do desconhecimento, o amor só se justifica com o acto sexual…

A que nível vamos colocar S. Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi ou João Paulo II? Como pessoas que amaram intensamente… de tarados sexuais?

E Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, Hemingway ou Manuel Alegre? Porque caçadores apaixonados… sádicos sanguinários?

Sucede que a morte para quem a entende, e mesmo para a ciência, não é o fim e sim uma passagem:

- Uma planta ou animal, morrendo vão incorporar outros e passar a viver neles, e por aí adiante, perpetuando-se como a própria Natureza que é infinita, e se mantém assim a vida. Em todos os estratos e em todas as formas de vida há caçadores e presas e transferência de energia, no plano físico ou noutro – caso do troféu! O Caçador faz disso um acto de veneração, sendo a Natureza o seu altar.

“ Quando matardes um animal, dizei-lhe com todo o coração:

- Pelo mesmo poder com que te abato, também eu sou abatido; e também eu serei consumido. Porque a lei que te entregou nas minhas mãos me irá entregar a uma lei mais poderosa. O teu sangue e o meu sangue mais não são do que a seiva que alimenta a árvore do céu.”

(Kahlil Gibran - O Profeta) 

Não é por acaso que a caça é indissolúvel da gastronomia, por tradição, quem sabe se por via de uma sabedoria infinitamente superior que transformou bichos-homens em seres humanos.

Simples animais que eram presas de outros, mas alijando essa condição se ergueram primeiro como predadores e depois se tornaram homens. É essa passagem que o caçador celebra ainda hoje quando sai para a Natureza de arma na mão, integrando-se nela em acto de caça, em glória de predador, algo que o passeante de cajado ou máquina fotográfica, não pode experimentar:

- A suprema liberdade de não temer, porque já não é presa!"

António Luiz Pacheco (fim de citação)


(Rosalina Soares) É como a caça às rolas. Mas, porventura, aquele bicho tem alguma carne que mate a fome? Ou penas para encher um travesseiro?

Não tendo qualquer elo de ligação com a caça cinegética com/sem uso a armas de fogo, nunca armei uma loisa sequer, nunca me seduziu a caça (em terra), apenas vejo os recursos terrestres como mais limitados, assim como as zonas de caça e a própria agricultura que contribuía de uma forma positiva para as espécies cinegéticas, quer na sua alimentação como abrigo.

Como é óbvio não lhe poderei responder a essa questão uma vez que não domino a área.


(Rosalina Soares) Se não é, se não está a poluir (espécie a crescer desmedidamente) por quê mata-lo assim, sem ser para matar... a fome?

Não concordo com a sua questão, nem todas as espécies que crescem desmesuradamente devem ser aniquiladas simplesmente para matar a fome, por exemplo certas espécies de flora invasiva, crescem desmesuradamente e não servem para matar a fome, nem aos outros animais (ex: Chorão, acácias, etc).

Na fauna, os javalis, que devastam grandes campos de milho, os ratos, os pombos as gaivotas que apesar de contribuírem para a limpeza dos oceanos e áreas fluviais, cada vez mais estão a procurar as zonas populacionais, o seu contacto com os esgotos a céu aberto e os produtos nele libertados (medicamentos, bactérias, etc) fazendo delas um laboratório vivo de microorganismos, será justo matarmos todas as gaivotas ou parte delas? É uma espécie difícil de controlar a nível de população da espécie.

No mar, a pressão em algumas espécies, o aumento de temperatura contribui para um desaparecimento e/ou ausência de determinados predadores, como tal, as espécies que servem a cadeia alimentar desses predadores aumenta desmesuradamente colocando a base da sua alimentação em risco em alguns casos, por exemplo: O desaparecimento e/ou ausência das anchovas, origina um aumento de cavalas, salemas, bogas, que por sua vezes se alimentam de algas e fitoplâncton, as algas que servem de alimentação a essas espécies não tem hipótese de fixação quando servem de base de alimento a outras espécies.

O peixe está em piores condições que o touro nas lides de touros à portuguesa e nos touros de morte.

Tocamos o patamar do fundamentalismo...

Quando não sabemos das coisas não convém inventar, os exemplares capturados por mim tem morte imediata (neste caso os robalos), e porque, em primeiro lugar porque são sangrados na guelra, tem uma morte rápida, não sofrem tanto, não morrem por asfixia, nem tendem a produzir a concentração do sangue em determinais locais pelos movimentos por falta de oxigénio.

Quanto aos touros tenho uma opinião muito pessoal sobre os mesmos, já trabalhei com veterinários sei o que isso é... Quanto à tauromaquia gosto de ver uma boa pega!

(Rosalina Soares) Por que razão exaltar este tipo de luta entre um cérebro de um homem (ou mulher!) e o cérebro de um peixe? Já sei, vão dizer-me que o peixe não tem cérebro... e acaba-se a conversa.

A resposta está na filosofia da caça/pesca.

Os peixes tem cérebro, pensam, agem por impulso, dispõem de um sistema sensorial que lhes proporciona um estado de alerta, reflexos e sentimentos, só lhes falta falar...

(Rosalina Soares) Se assim é passo a ser defensor da liga dos ademais.

www.lpda.pt

Tem aqui o link para o site da Liga Portuguesa do Direito do animal.

(Rosalina Soares) Moral da estória: convém não exaltar o lado animalesco do homem.

Por vezes o lado animalesco do Homem exalta-se quando existe um fundamentalismo desmesurado, isto é, existe legislação, muito ou pouca fiscalização, medidas, tamanhos, pesos máximos de captura, períodos de defeso, licenças, zonas de protecção, cabe a cada um, utilizador do mar, respeitar a legislação em vigor. Mas também cabe aqueles que não utilizam os recursos respeitarem o gosto e sensações de cada um...

Grato pelo comentário.

14 comentários:

Anónimo disse...

Boas amigo!

Nem sei o que diga depois de ler o que li....

Prossigamos nesta nossa vidinha, sempre norteados por valores que são pouco perceptíveis nos dias que vão correndo.

Aquele grande abraço com votos que tudo esteja a correr a contento lá por casa!

Da Caparica com amizade.

Mário Baptista

Pedro D. disse...

Boa tarde amigo,

Sim senhor, isto é um "post" de se lhe tirar o chapéu!

Continuação de boas pescarias.

Um abraço

Pedro

Anónimo disse...

Meus filhos e filhas:

Tende piedade das coisas que Deus vos colocou no vosso meio. Respeitai a natureza, essa mãe abrangente, úbere e prodigiosa que vos proporciona alimento e bem estar.
Se bem que ela possa ser, por vezes, aparentemente, violenta, ela enceta um processo de regeneração tendo em conta a sua defesa contra os desvarios do Homem e tem finalidades que a pequenez da inteligência humana não consegue vislumbrar.
Quando comerdes um coelho ou uma maçã, comei com ponderação e com alegria, mas não exagereis no prazer porque isso pode ser gula e já será pecado.
Eu estou mais do lado da senhora que diz que não devemos exaltar o lado animalesco do Homem, pois que nessa afirmação está ínsita uma ideia de sublimação e de escalada para a perfeição de que nunca deveremos prescindir.

O autor do artigo anterior que contraria a senhora, mostra muita sabedoria, mas há por ali, nas entrelinhas, algo que me faz desconfiar da exaltação do bicho homem (ou mulher!).
Assim sendo, meditai e dizei o que pensais que, assim e dessa feita, vos libertareis de outros maus pensamentos e se calhar olvidareis a crise. Confessai-vos neste auditório.
Padre Joaquim Saleiro

Toño disse...

Impresionante respuesta : instinto de cazador, al que no lo siente resulta difícil de explicar y son los cazadores, los buenos cazadores, personas que cuidan mucho del medio natural.
El toro de lidia no existiría sin la lidia, sería toro de corral, ningún toro vive ni muere mejor que el de lidia.

Un cordial saludo.

Google dice :
Resposta impressionante: o instinto de caça, que não sinto que é difícil de explicar e são os caçadores, bons caçadores, pessoas que cuidam bem do meio ambiente.
O touro não existiria sem a luta, seria pena do touro, touro não viver ou morrer melhor do que lutar.

Atenciosamente.

Rodrigo Zacarias disse...

Boas,

Só tenho a aplaudir este comentário às questões levantadas por outro leitor.
Não podia estar mais de acordo.

Aquele abraço

António Matos disse...

Pois é, assim com estes fundamentalismos só me dá vontade de dizer que quando vou à pesca pareço um leão no serengeti e enquanto liberto a minha adrenalina a pescar não faço mal às pessoas.

Falando um pouco mais a sério gostei de ler o teu ponto de vista.

Não se esqueçam que pescadores Conscientes e informados são dos melhores defensores que o mar pode ter.

abraço

Anónimo disse...

«Efectivamente, as ligações do homem e do solo, do ar e da água, estão ao alcance de todos os que sabem ver. Mas as crianças e alguns adultos vivem nas coisas sem as ver, sem as experimentar, sem as compreender.»

Debesse & Arviset

Anónimo disse...

Não vou dizer que a Rosalina não tenha razão, assim como acho que sem a intervenção dela (provocatória ou não!) dificilmente teríamos acesso à poética descrição do caçador ou predador /homem que nos ofereceu o senhor Sargus do blogue, o qual, parece,só depois de espremido ou provocado!! é que ele nos deu aquela saborosa prosa e se confessou...

Claro que há bons pescadores e caçadores e há também os predadores e maus que matam só pelo prazer de matar e assim vão destruindo o que deveria viver e embelezar este nosso mundo.

É evidente para mim que quem mais razão tem é o senhor padre Saleiro, ou seja, pode-se comer mas não devemos cometer o pecado da gula.
Os conquistadores de antanho submetinham matavam pessoas e até as escravizavam com o mesmo sentido de posse de que aqui se falou ser apanágio do caçador/pescador.

Cuidado, há sentidos poéticos e há exageros que nos condenam à animalidade. Subamos, pois, ao monte das virgens e não as violemos, pois que pode haver sempre quem defenda que um homem é um homem e não é feito de pau... e se deve afirmar conforme a sua natureza!
Cumprimentos.
Sofia

Anónimo disse...

sofias e rosalinas como diz o outro são travestidos armados em moralistas, nao comem, nao cometem atentados, nem poluem, como estes deviam haver muitos que isto era um mundo melhor e mais bonito, tipo revistas cor de rosa, este blog com comentarios destes qualquer dia da aulas de religiao moral catolica ja falta pouco tao padres metidos ao barulho e tudo eh eh eh
ó fdx tenham juizo nessas cabeças de vento rosalindas e safias
sargus nao te vas a baixo estes gajos sao como os caes ou cadelas ladram mas nao mordem e nao devem ter nada em casa com que se entreterem

fishing zone

António Simões disse...

Eu quando jovem reli 16 vezes Hemingway, todas as suas obras , todas as suas aventuras, aprendi com o "Papá" , a lidar e perceber a morte e a vida. Mas...a cultura,costumes e praticas e socialibização dos anos 40/50/60 não são as culturas actuais do sec.XXI. Hoje não sou capaz de compreender a morte a tiro de um leão, de um belo veado de coutada criado em viveiro para ser abatido com uma carabina a 250 metros com um apoio de arma. Não sou capaz de entender que nos anos 50/60 se caçavam ao arpão raias jamantas e as dependuravam em postes e os seus caçadores colectores se deixavam fotografar para gaudio do seu publico em poses triunfantes perante tão belos seres que "voam em bancos verdes esmeraldas num sono e silencio não profanado... Hoje acho que jamais e ninguém o permitiria. Mas sou um pescador e sei que o autor deste blog é um defensor acerrimo das causas e da preservação das espécies.Não são justas as acusações principalmente a este Homem, porque a autora ou autor Anónimo e que assina não o conhece. Não podem haver fundamentalismos de ambos os lados.Eu pesco e como o que mato. Dou-o quando em excesso, a familias carenciadas, a vizinhos,á familia que irá complementar a sua base nutricional com peixe fresco, selvagem, que de outra forma não o poderia comprar numa banca tal o preço especulativo e carissimo de peixes nobres como o robalo sargo e dourada.
Não admito é lições de moral e praticas de bons costumes,segundo os padrões que lhes "doutrinaram".
Sou agnóstico e o meu melhor Amigo é católico praticante e..somos ambos muito felizes juntos.Sabemo-nos respeitar, nada mais e chega.

Abraço e sejam felizes
António Simões

Anónimo disse...

"...os exemplares capturados por mim tem morte imediata (neste caso os robalos), e porque, em primeiro lugar porque são sangrados na guelra, tem uma morte rápida, não sofrem tanto, não morrem por asfixia..."

O texto acima refere-se certamente aos exemplares capturados na pesca à cana. E na caça submarina ? Como é que evita o sofrimento de um peixe atravessado por um arpão metálico que penetra pelo opérculo e sai pelo olho ou pela boca? Como é que impede a dor a um peixe atravessado por um arpão que lhe estraçalha o ventre? Como é que se atenua a agonia do peixe que, depois de ferido, se consegue libertar e que acaba por perecer, ingloriamente, devido às feridas que não saram?

Será que o prazer que o caçador retira do acto de caçar justifica o sofrimento que inflige?
Sempre achei que sim, por isso cacei durante muito anos sem grandes problemas de consciência. Ainda hoje caço esporadicamente. Mas já não consigo evitar de me sentir um pouco bárbaro quando observo o arpão a trespassar um desgraçado de um peixe que por ali andava na sua vida. Hoje, o simples acto de mergulhar em apneia e observar a vida marinha me dá prazer. Desvaneceu-se, em certa medida, a necessidade de perseguir e capturar os peixes que se atravessam no meu caminho. Deve ser da idade …estou a ficar um “sentimentalão” !

Saudações cordiais,

Mário Pinho

Anónimo disse...

Algumas vezes um homem inteligente é forçado a ficar bêbado para passar um tempo com os burros".
Hemingway

Olhe primo!como diz o velho Santiago um homem pode ser destruído mas nunca será derrotado.
Hemingway

Anónimo disse...

Caro amigo Sargus

Não imagina as barrigadas de riso que estes posts me têm provocado.

Isto está um pagode. É obvio que o meu amigo não se deixa ir abaixo com sofias e rosalindas e mais ainda com um padreco a dar lições de moral.
Quem o conhece sabe perfeitamente que o senhor é um puro, capaz de recolocar no mar um exemplar por mais belo que seja se entender que essa é a sua obrigação e, por isso, está a milhas de altura de qualquer um desses recoletores, pescadores e quejandos.
A gente sabe que o seu prazer em pescar se rege por princípios, por respeito pela mãe natureza e não ostenta nem defende a animalidade ou a violência gratuitas.
Também sei que ao reproduzir a obra ou o texto daquele que exalta a posse como fim último da pesca ou da caça, não corresponde nem se compatibiliza com a sua verticalidade, e que o fez como contraponto do que ali se discutia, e fê-lo também com oportunidade, já que gostei de saber daquela obra e de rever certos aspectos e respectiva simbologia.
Isto está animado, gosto deste agitar de ideias, a provocação que lhe foi feita (obviamente que foi uma provocação!) resultou num momento de cultura para além das artes da pesca.
Eu estou com o senhor Mário Pinto. Também certo dia alguém com mania de pontaria me provocou sobre seria ou não capaz de acertar com uma espingarda de chumbos em certo sítio. Eu disse : quer aquela folha e, pontaria feita no pedúnculo e caíu a folha. De seguida foi um passaro na mesma figueira e, a partir daí choquei-me, esse pássaro não tinha que morrer porque eu não precisa dele para comer.
Claro que as pessoas que normalmente pescam, pescam pelo prazer de conseguirem apanhar algo, mas algo que se come, que é também alimento apesar de proporcionar esse outro tal +prazer.

Mas não entendo, por ex.º, a caça às rolas salvo se a espécie ameaçar outra espécie etc. E aqui pergunto para quê? se nem dá carne para comer, nem penas para o travesseiro e aqui também estou com a senhora Rosalinda.

Felicidades para si e para os outros participantes no blogue.
Abel Lacerda

PêJotaFixe disse...

Amigo Fernando,

A pesca, hoje em dia, não é mais que um escape para durante breves momentos não nos lembrarmos dos "problemas" que se nos deparam todos os dias e com os quais somos "obrigados" a (con)viver. A maioria dos pescadores, quando vai à pesca, não é pelo peixe que apanha mas pelo prazer que tem em disfrutar do meio envolvente. Se fosse pela necessidade de apanhar para comer ou fazer vida da pesca, há muito que tinham morrido à fome! Claro que quando nos deparamos com uma possivel captura a adrenalima sobe em flecha, dado que a mesma (captura) é cada vez mais rara. Por vezes torna-se um misto de regozijo e angustia, levando-nos a reviver velhas memórias do tempo em que o peixe abundava...

Cada vez mais vejo neste mundo virtual, que é a net e em particular a blogsfera, pessoas que nada conhecem da realidade virem para aqui opinar quando deveriam andar no terreno preocupadas em cuidar da natureza que tanto defendem. O que por aqui aparece são mãos (dedos) calejadas pelos teclados escrevendo barbaridades como se de verdadeiros guardiões da sapiencia se tratassem. Se defendem tanto a natureza, talvez um pouco de exercicio nas pernas, braços e mãos os ajudassem a passar o tempo e a ficar bem consigo mesmos e com os outros que tanto detractam. Não são só palavras mas sim acções que distinguem os verdadeiros defensores da natureza dos pseudo-"artistas" do teclado refastelados cómodamente na poltrona em frente ao monitor. Ajam!

Na semana passada fui à pesca para um dos mais badalados e frequentados pesqueiros a nivel nacional: a Carrapateira. Quando lá cheguei deparei-me com um cenário quase comparável a qualquer lixeira deste imundo Portugal. Fiz naturalmente aquilo que a minha consciência e educação me mandaram, institivamente: encher com lixo os dois baldes que trazia comigo e ir despejar no contentor. Meses antes, através do meu Blog, lancei um repto a todos os pescadores e amantes da natureza para a realização de uma acção de limpeza nos pesqueiros da Costa Vicentina no ambito da campanha "Limpar Portugal". Poucos, mas bons, aderiram. Alguns "artistas", imbuídos no tal espírito natur(al)ista, aderiram a grupos criados na sua maioria pelos Municípios, que mais não foi do que um desfile de vaidosos pseudo-defensores da natureza munidos de luvas, T-shirt e boné da praxe, patrocinados pelas Autarquias com o dinheiro dos contribuintes, a posar para a câmera na esperança de aparecerem num qualquer jornal local ou nacional, site municipal ou, na melhor das hipóteses, na Tv. Limpar Portugal é todos os dias!

Ultimamente tenho recebido no meu Blog muitos insultos e ameaças por parte de pessoas "Anónimas", com "Perfil Privado" ou a cobro de "Pseudónimos" que vêm para a blogosfera em tom impróprio e injurioso tentando, talvez, (des)abafar os seus desgostos da vida quando deviam procurar ajuda psiquiátrica para resolver os seus problemas mentais. Todas as pessoas têm direito ao "Anonimato", a expressarem-se de forma livre e a verem as suas opiniões publicadas. Eu tenho nome, rosto, um Blog público e direito de resposta! Porque será que se escondem quando vêm para sitios públicos, ou também usam máscara no dia-a-dia? Repensem a vossa maneira de estar na vida, de se relacionarem com os outros e façam algo de útil e concreto sem ser escrever e dizer mal dos outros.

Abraço e saudações piscatórias