Robalo: Pré - Reprodução

Robalo - Dicentrarchus labrax

Anualmente a fase de reprodução do Dicentrarchus labrax, vulgarmente conhecido como Robalo, coincide com a chegada do Inverno, sendo esta fase caracterizada, por diminuição da temperatura do mar, mares com agitação considerável e mais instável, durante esta várias espécies escolhem para migrarem para águas mais temperadas, outras mantêm-se e algumas outras escolhem esta altura para se reproduzirem, como é o caso do Robalo.

No inicio desta fase reprodutora é normal existir uma concentração da espécie junto à linha de costa, caracterizado pelo “patrulhamento” de grandes cardumes de machos e fêmeas, onde os machos superam em número a quantidade das fêmeas, que em comparação com os machos são de maior porte.

È a fase onde este predador desliga o relógio metabólico (deixando quase praticamente de procurar alimento, apenas tem comportamento competitivo e predatório que tanto o caracterizam e liga o relógio biológico, como que vivendo exclusivamente para esta fase tão importante para a espécie, a sua reprodução e continuidade da espécie nas gerações futuras.

É uma fase onde o poderemos observar com maior frequência nas linhas de costa, no topo anterior à rebentação das ondas, como que a patrulhar a zona anterior à oxigenação provocada pela rebentação da ondulação, terão sempre que incomodados hipótese de entrarem na cortina branca (oxigenação), basicamente é difícil encontra-los refugiados em tocas ou fendas, porque desligaram a sua performance básica de predador nocturno e da sua segurança diurna.

Exemplo de zona de repouso

Depois desta fase de aglomeração de grandes quantidades de exemplares, e fecundação das fêmeas, o seu mecanismo volta a ser ligado, como que se um dispositivo se tratasse, começam a voltar as suas performances de caçador nato em busca de presas para a sua alimentação, uma vez que nesta altura perdem algum peso, principalmente as fêmeas depois da desova, mas facilmente recuperam devido à sua astúcia e agilidade em busca de alimento.

O mecanismo de predador nocturno sobressai, começam a repousar em tocas e fendas no período diurno, estando mais activos na fase do por do sol – noite – nascimento do sol, normalmente ainda numa área não muito dispersa da zona escolhida de desova das fêmeas, que coincide com fundos de areia de granulómetria mais ou menos grossa.

Neste período de Inverno, (mas nem só principalmente no verão com maré mais calmo a água tem tendência a ficar “lusa” ou “vidro”) poderão existir ventos do quadrante sul que limpam completamente a água e o mar pode ser mais calmo, quando tal acontece, o Robalo tem tendência a procurar abrigos tanto em zonas pouco profundas como de profundidade média.

Galeria: Zona com varias entradas/saídas de interior amplo

Os robalos são incontestavelmente os grandes frequentadores de fendas e buracos no substrato submerso, fazem-no porque encontram ai segurança diurna, apesar de ser considerado um predador de topo da nossa costa é uma característica que prima em cumprir para descansar, uma vez que as águas paradas e de temperatura superior lhe dão menos mobilidade para caçar emboscado, para não falar no facto de ser perfeitamente visível no ambiente diurno com mar calmo e sem oxigenação/rebentação de água.

Geralmente as zonas de repouso de robalos são formadas por "lajes" corridas com sub elevações ao nível do fundo, falhas horizontais ou verticais com acesso a galerias que tenham varias saídas ou apenas uma ampla, buracos escuros formados por assentamento de fragmentos rochosos, poderemos encontra-los em repouso em frente ou nas zonas limítrofes arenosas, de cascalho, de fundos de rocha sedimentar (arenitos), principalmente se nessa zona a oferta de alimento é grande, tendem a não se afastar muito desse local.

Em repouso ou "entocados", sentem-se tranquilos nestes esconderijos que poderão ter outros ocupantes tais como sargos e douradas.

6 comentários:

Pedro Nunes disse...

Um bom "post" sim sr...
Parabens

Anónimo disse...

Partilho da mesma opinião, os meus parab´nes e continue a brindar nos com postes deste genero que nos ilucidam para a realidade mais do que as proprias tecnicas.
Abraço
AJS

Fernando Encarnação disse...

Viva carissimo Pedro Nunes, desde já o meu agradecimento pelo comentário.

O conteúdo parte no cruzamento de alguma dedicação pela espécie, experiência pratica no spinning e na caça submarina torna-se mais explicito avaliar e reflectir sobre esta questão.

O mesmo poderia servir para os sargos embora com algumas diferenças, como não são predadores de topo, mas embora se enquadrem na cadeia de consumidores, na fase da reprodução continuam a exercer a sua alimentação continua, embora mais pesados.

Cumprimentos.

Fernando Encarnação disse...

Obrigado pelo comentário AJS.

Na minha humilde opinião as técnicas são uma mais valia sem duvida que se complementam com a experiência ao longo dos tempos, não existe uma linha recta em termos de linha condutora entre a pesca e as espécies, existe uma necessidade quer de nós como das espécies para se adaptarem à realidade dos factores em causa numa determinada altura temporal.

Como tal é necessário termos conhecimento mais ou menos da espécie com que estamos a lidar e tudo se torna mais fácil.

Cumprimentos.

António Matos disse...

Parabéns Fernando pelo artigo, sem dúvida que a caça submarina é uma mais valia para o pescador de cana, vou-me contentando por ver uns vídeos submarinos onde se vê exactamente isso que relatas o peixe entocado em cavernas barcos afundados etc.
abraço

António Matos disse...

Parabéns Fernando pelo artigo, sem dúvida que a caça submarina é uma mais valia para o pescador de cana, vou-me contentando por ver uns vídeos submarinos onde se vê exactamente isso que relatas o peixe entocado em cavernas barcos afundados etc.
abraço