Opinião... Pesca... Futuro...

Tenho uma loja de pesca há 3 anos, conheci e vi o mundo que girava e as hipóteses de negócio e de fazer uma vida em torno deste ramo, sei que os tempos são difíceis para todos os ramos...

Sei que por vezes temos que ter a vida ocupada , e se quisermos ser independentes temos que enveredar por um caminho qualquer, eu enveredei por este, o ano passado idealizei e pus em pratica a loja "online", que funciona acima das minhas expectativas e vende e trabalha, mas para isso acontecer, eu trabalho todos os dias, TODOS!!

Eu compro o que nem sei se vendo e baixo o preço ao culminar de se trabalhar com margens de supermercado, mas esse não é o filme, o filme é que o negocio da pesca está a mudar,e tenho a certeza que num espaço de 10 anos, mais de metade das casas vão fechar, e as que ficarem abertas vão eternamente dever a fornecedores e a pedir dinheiro á Cofidis a 30% ano para pagar o que devem, obrigando os lojistas a ir apanhar robalos para vender de forma a pagar as dividas...

Então...? Algo está mal... Algo não está funcionar no sistema... Exemplo: Uma cana de 100€ dá de lucro ao vendedor uma média de 30 a 35€, não se vendem canas todos os dias, isso é certo, uma amostra dá de ganho 1 a 4 € maximo!! Para arrecadar os 100 € diários de ganho essenciais para pagar as contas, muito se tem que vender!!!

Vendo as coisas por este prisma , eu tenho a certeza que se uma loja não estiver aliada a uma outra actividade não tem hipóteses de sobrevivência, os sites vieram pôr isto em guerra...

Começou com o "Bass n bait", que baixou as margens até ao extremo pois não possuem loja física, estando isento de despesas inerentes assim como a "Alvarez", e levou "n" lojas a não trabalharem com as marcas que esses mesmos sites operam, muitos lojistas (eu, a Maresia e o rui), entramos na jogada e batemos os preços, cada um de nós tem uma marca de eleição, e opera nesse mercado e baixamos ainda mais, sei que muitos lojistas mais idosos se ressentiram, mas acreditem é um ciclo e tudo tem um fim, o vosso e o nosso!!

Mais cedo ou mais tarde aparecerá um site sediado num pais de 3º mundo com preços vindos de lá que arrasarão por completo a venda "online" daqui( europa), mais cedo ou mais tarde aparecerá uma ou duas ou três "mega stores" com um bom "background online" que controlara o país, temos um exemplo, a "Decatlon", veio alterar muita coisa, preços mais baixos em vários produtos assentes numa mão de obra escrava e numa venda directa, evitando intermediários...

Imaginem se isso acontecesse num espaço que comercializa-se marcas de renome, o que seria das casas de pesca tradicionais e regionais, teriam que se converter em pontos de venda de isco e consumíveis rápidos... Vai acontecer, mais cedo ou mais tarde!!

Acho que os importadores tem muito a ver com a situação que se passa, impingem, fazem o trabalho na perfeição, vendem sob campanhas ao lojista assentes ou em "plafonts" de compra ou em quantidade para se atingir um determinado nível de desconto que pode ir até aos 50%, deixando lojistas sem capacidade de compra de lado, pois não podem competir com preços muito baixos, e valorizando lojistas em certas regiões em detrimento de outros.

A realidade é que esses importadores são em parte o "velho do Restelo" que deixa agonizar o sistema que ruirá de uma só vez... Cada vez mais , as representações são entregues ao mais forte, Espanha!!!

E a politica desses meninos , é a seguinte, em vez de termos 300 lojistas no pais inteiro(Portugal) teremos somente nas áreas mais influentes e nas outras nas lojas de renome, acabando por ajudar a matar o pouco que restava, temos o exemplo da "Normark" que exige compras avultadissimas na ordem dos 35.000 € anuais para se atingir o desconto máximo, mas ao meio do ano, lança mais uma ou duas promoções em que o carreto y e o z baixam para metade na compra de 50 unidades do mesmo, o lojista atrapalhado, desejoso de se livrar do stock que já tinha, alinha e não ganha nada!!

Este proteccionismo tem que acabar!! Compete ao cliente final ter a consciência disso e de boicotar essas marcas!!

Havia uma prostituta na minha aldeia que cobrava preços diferentes no seu labor, os primeiros clientes pagavam z, os 5ºs e os 9ºs tinham um preço mais baixo e os últimos pagavam metade...

Com as canas e os carretos é o mesmo, no principio é uma fortuna e passado um ano está a menos de metade, isso tira credibilidade, e faz-nos sentir enganados, eu assim me sinto!!

Quem ganha não sei, mas eu e os meus colegas não ganhamos de certeza, não conheço um único lojista exclusivo de pesca rico, e no entanto vendem-se milhares!!

A solução é a seguinte, os importadores de capital próprio apoiarem e fomentarem a venda dos seus produtos assentes na representação directa assente em comissões de venda, ou em consignações ás lojas.

Corremos o risco de acabar sem material e ter que ir ao "chinês" comprar ou á "decatlon"...

Eu por mim tenho um rumo definido, a loja "online" vai continuar, afinal são 36.000 visitas mensais que rendem alguma coisa, mas sabem...?

Cada "kayak" que alugo rende tanto como uma cana de 120 €, cada vez que vou á pesca com um camone ganho tanto como vendendo um "kayak", e meus amigos lojistas, abram os olhos e parem de ser sub comissionistas do sistema vigente...

Joaquim Lourenço (pescavicentina@gmail.com)

2 comentários:

António Simões disse...

Lucida, realista e transparente opinião sobre o negocio da venda de artigos de pesca.Para um pescador ludico,o problema da compra não está na oferta de mercado, ele sempre foi assim em todas as vertentes de negocios,não há diferenças.A procura e oferta num mundo global neoliberal agressivo desleal sem regras em que os mais fortes esmagam os mais fracos..O verdadeiro problema é a curto prazo o desaparecimento dos peixes nobres(robalo,dourada no País e robalos,douradas e sargos no Norte) de que tantas alegrias trazem aos pescadores de fim-de-semana.São esses os clientes de compra compulsiva e que são necessarios ao negocio..A realidade no Norte ainda é mais dramatica, não...há peixe desde 2006(uma levada de peixe de vez em quando em meses de grades, não é peixe, é pouco muito pouco)...Se não há peixe,não há pesca, não há consumo, não há estimulo para a compra.Esse é o verdadeiro problema. A crise é de emocões e obviamente economica.Vejam o meu caso, moro a 500 mtos do mar e não vou lá há meses...Ja so consumo e pesco em Espanha.Á procura das emoções...

Abraço
António Simões

Anónimo disse...

o sr joaquim lourenco da uma no cravo e outra na ferradura, queixa se mas faz o mesmo, depois fala dos peixes que alguns comerciantes comercializam para colmatar o nivel economico e os pescadores que ganham a vida no mar e que comem do mar falo dos de cana e nao dos profissionais quanto aos importadores e marcas e pura treta eles enchem se e voces compram e nos pescadores compramos como o sr antonio referiu existe pouco peixe no norte e eu que o diga ja nao apanho peixe a muito tempo no alentejo fartam se de apanhar peixe essas equipas de perdadores de fim de semana que apanham peixe a torto e a direito deveria fazer se outro defeso mas nacional quer aos peixes como aos artigos de pesca tenho visto em alguns sites pessoais a quantidade de equipamento que compram e usam e depois nao apanham peixe isso deve dar prejuizo gasolina ou gasoleo licencas iscos amostras carretos linhas chumbadas anzois comer e dormidas deve ser mesmo para malta rica pois com a crise que atravessamos a pesca comeca a ser so para ricos e nem e preciso leis do ambiente ou dos verdes para parar a pesca qualquer dia o nosso governo esta imparavel parabens pelo raciocinio sobre o problema mas existem coisas bem piores que a pesca caro sr.