Alterações climáticas acentuam acidez dos mares


Biologia. Uma equipa de biólogos britânicos fez pela primeira vez observações de um ecossistema marinho sob impacto do aumento do dióxido de carbono. A investigação confirmou o efeito devastador da redução do pH da água do mar, a qual fica mais ácida depois de absorver o excesso do gás.

Cadeias alimentares afectadas por CO2


A acidez dos oceanos está a acentuar-se devido ao aumento do teor de dióxido de carbono atmosférico, por sua vez absorvido pela água do mar em quantidades elevadas.

O efeito já era conhecido, mas até agora estava estudado apenas em modelos ou experiências de aquário. Uma equipa britânica, da Universidade de Plymouth, fez pela primeira vez observações num ecossistema, aproveitando vulcões submarinos na costa de Itália. Foi possível observar o impacto do excesso de CO2 na vida marinha e as conclusões, publicadas pela Nature, apontam para um futuro preocupante.


O mar funciona como uma gigantesca esponja de dióxido de carbono e os limites da absorção do gás têm sido objecto de controvérsia. Acredita-se que os oceanos dissolvam 2 mil milhões de toneladas de CO2 por ano, retardando os efeitos das alterações climáticas. Ninguém sabe ao certo qual é o limite desta absorção, mas a consequência será a redução do pH dos oceanos, cujo valor natural se estima em 8,2 (pH neutro é igual a 7, pelo que os oceanos são ligeiramente alcalinos).

"A biodiversidade vai diminuir" em consequência da queda do pH, estima o líder da equipa britânica, o biólogo Jason Hall-Spencer. A principal alteração no ecossistema provocada pela acidificação do meio será a remoção de calcite e aragonite, minerais usados pela vida marinha na formação das conchas. As zonas vulcânicas submarinas estudadas mostraram grandes alterações nas zonas próximas das emissões de dióxido de carbono.

Segundo Hall-Spencer, o trabalho de campo permitiu "abrir uma janela para o futuro dos oceanos num mundo com demasiado CO2". As cadeias alimentares serão perturbadas, favorecidas algas invasivas e destruídos os recifes que impedem a erosão das costas.

Fonte: DN Online

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