Reprodução vs Tamanho das espécies

Todos nós temos consciência que qualquer exemplar de qualquer espécie pode morrer de causa natural (doença ou predado) bastante antes de chegar à maturidade/idade de se reproduzir, mas isso faz parte da selecção natural da espécie e seu ciclo, é a vida, sem que o homem tenha algo contra ou a favor, ao contrário é claro se houver interferência ou acção do homem, caso se for predado pelo homem.

Creio que seja imperativo, e com bases científicas chegarmos em comum acordo, em matéria de leis/tamanhos (sendo salvaguardado acima de tudo a reprodução da espécie)/acção do homem (pesca lúdica e profissional), se conseguíssemos juntos ultrapassar a barreira do utópico todos ganharíamos, mas infelizmente não é isso que tem acontecido.

Já foi mais defendido que ao proteger a 1ª reprodução se estaria a defender a preservação da espécie, mas segundo estudos, a fundamentação de que quanto mais velhas mais reprodutoras ficam as espécies, se na vida terrestre é um facto, porquê mistificar o óbvio?

Será pior matar peixe:

Juvenil (antes da reprodução)
Jovem (depois da 1ª reprodução)
Adulto (bom porte)

Em primeira análise todos os exemplares tem direito á vida, embora estejamos a falar no desenvolvimento da reprodução sustentável.

Poderá ser mais perigoso estar a matar um exemplar de maturidade reprodutiva elevada para a espécie do que exemplares mais novos, que tenham sido reproduzidos por esses adultos?

Por outro lado até que ponto poderemos concluir como um ponto óptimo antes do decréscimo do nível 100% do aparelho reprodutivo e genes da espécie?

Que condicionantes poderão ser significativas para em determinados ciclos anuais a reprodução das espécies sejam gradualmente atrasadas, de forma a que as espécies ainda se reproduzam passados três ou quatro meses depois do tempo normal, é claro que as alterações climatéricas e consequentes temperaturas variáveis sejam preponderantes para esse atraso, mas será que serão somente esses factores ou as espécies gradualmente vão procurando a optimização e o controlo das melhores condições para a sua reprodução?

Defesos profissionais e lúdicos nas alturas de reprodução seriam determinantes, nem que fossem estabelecidos por exemplo por ciclos de quatro anos (por exemplo: Três anos normais de pesca e um de defeso, ou na altura da desova de robalos, sargos e douradas fosse proibido incomodar de qualquer maneira estes exemplares nesse ano de defeso)?

Aumento das medidas mínimas de forma a salvaguardar as espécies Juvenil (antes da primeira reprodução reprodução)?

Libertação de grandes exemplares (consciência de quem os apanhou).

Creio que o debate público de ideias é positivo quando as pessoas não se deixarem levar por falsas expectativas, e estes factores são preponderantes para um caloroso e justo debate, mas principalmente para chegarmos a um consenso de ideias.



2 comentários:

Ricardo Silva disse...

No meu ponto de vista, cabe ao Estado, como primeira entidade reguladora, definir uma quadro legal, devidamente fundamentado cientificamente, para endereçar esta problemática.

Esse papel, através da mais recente legislação, foi a meu ver, extremamente mal executado e implementado.

Para mim, o ideal seria criar um grupo de trabalho que envolvesse em partes iguais os vários sectores da sociedade a quem esta problemática poderá estar directa ou indirectamente associada, nomeadamente:

- Universidades/Faculdades nas áreas das Ciências do Mar, Biologia e Pescas;
- Associações de pescadores profissionais, artesanais, desportivos, lúdicos, etc.;
- Comissões Parlamentares;
- Associações Ambientalistas;
- Etc.

Deste grupo trabalho sairiam pareceres técnicos, propostas, etc. que auxiliariam na definição dum quadro legal que reflectisse melhor os vários interesses em jogo e não a manta de retalhos actual.

Partindo da hipótese de se chegar a um quadro legal mais ou menos consensual entre as partes, põe-se de seguida o problema da fiscalização, monitorização e adaptação.

De nada serve um quadro legal bem definido se não se conseguir que as suas directrizes sejam cumpridas "no terreno". A fiscalização deve e tem de ter um papel fulcral neste problema, sob pena de mais uma vez se prejudicar quem cumpre em relação aos que não o fazem, por vingar a ideia habitual do "roubar compensa".

Por outro lado, uma correcta gestão dos recursos marinhos não pode de maneira nenhuma ser estática no tempo. Mais uma vez, em parceria com as Universidades, o nosso Mar deve ser constantemente monitorizado e devem haver adaptações ao quadro legislativo que reflictam essas necessidades de adaptação.

Por fim, mas não menos importante, gostaria de salientar um aspecto que para mim será talvez o mais importante de todos: os programas educativos nos primeiros ciclos do ensino. A melhor maneira de assegurarmos uma correcta gestão dos recursos marinhos no futuro será trabalhar desde muito cedo a educação das nossas crianças e jovens para estes aspectos. Cidadania activa, consciencialização ambiental, etc. pois como se costuma dizer "burro velho não aprende línguas".

Isto não responde de forma directa às perguntas feitas na reflexão, mas é a minha posição de como se deveria de trabalhar nesta matéria. Penso que se se conseguisse um trabalho sério nesta área, as respostas as estas questões seriam não só muito mais claras como também mais bem aceites e compreendidas entre as várias partes envolvidas.

Temos excelentes universidades e investigadores em Portugal. Esta massa crítica não está a ser utilizada pelo Estado que, de forma autista, os ignora, não apoia.

Um abraço Fernando, é uma boa reflexão e é muito importante debater este assunto. Que nunca te "cales" e que continues com as tuas "missões", cá estaremos para ajudar, nem que seja só para falar um pouco sobre estes assuntos.

Fernando Encarnação disse...

Desde já o meu agradecimento pelo teu manifesto interesse em comentar este assunto, é claro que não poderei passar sem abrir um novo post com este teu raciocínio que serve de complemento ao "Reprodução vs tamanho das espécies", o meu especial agradecimento Ricardo.