Chumbadinha





ENGODOS E TÉCNICA: É uma técnica de grande utilidade e, em muitos pesqueiros de costa, é mesmo a melhor solução, da escolha do pesqueiro aos segredos da pesca.

Hoje em dia é extremamente fácil sabermos com alguns dias de antecedência as condições climatéricas e o estado do mar, utilizando por exemplo o windguru ou o fnmoc, que nos dá uma belíssima previsão de uma semana. Com o mar de ondulação de 1 a 2 m e vento fraco, teremos as condições ideais para realizar boas capturas.

Uma jornada de pesca deve ser iniciada normalmente com uma observação de um local na baixa-mar, para nos certificarmos de que o peixe anda no local. Podemos observar nos laredos se o marisco anda a ser comido pelo peixe nesse locais e podemos observar as zonas de pesca, e as pedras onde vamos pescar, de maré vazia. É uma mais valia conhecermos bem um pesqueiro e essas leituras fazem-se de maré vazia ou com alguma experiência adquirida.

ISCOS E ENGODOS: Pessoalmente, apanho sargos o ano inteiro, pura e simplesmente engodando com sardinha e pescando com os lombos da mesma (só os lombos, sem pele) e camarão; nunca senti necessidade de usar ouriço, barrigas de lapa ou mexilhão, mas a meu ver na pesca ao sargo existe uma tão ampla área de utilização de engodo e iscos como a sardinha (base de engodo, como isca temos os lombinhos, filetes e tripa), camarão, ralos, barrigas de lapa, burriés, mexilhão (base de engodo e isca), ovas de ouriço (base de engodo e isca), lula, amêijoa, perceve, minhocas todo o tipo, búzios, etc.



A minha lista de iscos é muito curta, pois, actualmente, só utilizo sardinha e camarão, por vezes utilizo ralos, uma isca que não é muito fácil encontrar pelo País, normalmente nos estuários dos rios podemos apanhá-los com o auxílio de uma bomba.

A sardinha é a base do engodo, utilizo por vezes os lombinhos da sardinha, que são um autêntico manjar para os sargos.



A título de curiosidade, quando verificamos na zona do abdómen do sargo existem mexilhão ou perceves, podemos utilizar o camarão ou os ralos, já que o peixe anda a mariscar. Quando na zona do abdómen encontramos uma espécie de algas, deveremos utilizar a sardinha como isco.
A sardinha talvez seja a mais importante pelo seu enorme papel de chamariz de peixe (engodo), além de um excelente isco. Para esta pesca de laredos, peões ou lavadiços, é indispensável.

Dependendo muito da época do ano, existem condições que por vezes me levam a utilizar o engodo moído. Como ponto positivo, não temos o problema de ter aves a picar literalmente para a água, na área onde vamos pescar; mas, por vezes, o engodo moído tem um problema: como é mais forte, chama as bogas, as cavalas e as tainhas.

Existe uma técnica muito vantajosa em termos de engodo, o engodar à mão, consiste simplesmente em pegar numa sardinha e na zona da cabeça inserir os polegares de modo a retirar a carne, ficando a cabeça e a espinha para dar às nossas amigas gaivotas.

Por vezes, é bom saber para onde irá correr o engodo, eu utilizo uma ou duas cabeças de sardinha para esse fim, já que ficam a flutuar na água e rapidamente vemos para onde a aguagem as leva.

Do mesmo filete, podemos, com o auxílio dos polegares, retirar os dois lombinhos que cada sardinha tem para iscar. Com a parte que sobra da sardinha, iremos começar a engodar à mão, isto é, retiramos pequenos bocados do filete e jogamos para o local onde queremos pescar. Convém não abusar, pois temos o enchente todo para o fazer. Por exemplo, quando chego a um pesqueiro engodo à mão com quatro a seis sardinhas, monto a cana, jogo mais duas, fumo um cigarro e começo a pescar.

É de salientar que este tipo de engodo traz bom peixe ao pesqueiro; por vezes somos brindados com bons robalos e douradas que vêm aos bocados de engodo e os seguem até ao local onde pescamos.

As partes negativas desta técnica de engodo são: por vezes, espetamos espinhas de sardinha nas mãos; e, ao contrário do engodo moído, este atrai as gaivotas a aterrarem no local onde estamos a pescar.



Claro que se tivermos boas iscas mas não soubermos engodar ou se engodarmos mal, o peixe poderá lá estar mas teremos bastantes mais dificuldades em fazer boas capturas. Deveremos, em qualquer das duas técnicas (engodo moído ou à mão), ter uma cadência de mais ou menos três a cinco minutos, dependendo dos peixes que formos capturando. Por vezes, o peixe bate mais na água ou larga sangue, e nesse caso deveremos suspender a pesca por uns minutos e engodar: como é um tipo de pesca bastante rápido e feito com muito pouca água, por vezes devemos ser rápidos a tirar o peixe da água.



Podemos também, de um pesqueiro, fazer dois ou três, basta engodar noutros sítios e ir variando de locais; a meu ver, esta é uma das melhores técnicas, que não castiga muito o peixe e este sente-se mais à vontade.

Esta técnica consiste basicamente em trazer o peixe ao pesqueiro, com o auxílio do engodo consegue colocar-se o peixe em sítios de pouca água. Na grande maioria das vezes, ele já se encontra no pesqueiro, já que este tipo de pesca é feito em pedras que de maré-cheia ficam debaixo de água ou quase submersas.



A principal característica destes pesqueiros é a de terem muita comida, mexilhões, perceves e carepas (base alimentar dos sargos), o peixe que podemos capturar com esta técnica é o mesmo que podemos apanhar em terra, com esta pesca podemos melhorar substantivamente a captura de sargos e safias, mas por vezes podemos ter a sorte de capturar robalos e douradas, já que o engodo que utilizamos é unicamente a sardinha.



São bons exemplos de pesqueiros deste tipo as zonas limítrofes a praias ou pesqueiros que tenham muitos ‘lavadiços’, zonas de fendas na rocha são uma boa escolha. Como sabemos, o Inverno traz os mares incertos e de ondulação significativa, pelo que nestas alturas vale mais escolher um pesqueiro em terra.

Não existe uma época concreta, todo o ano se pode praticar este tipo de pesca, tendo em conta o estado do mar, obviamente.



MATERIAIS: O tipo de canas que se pode utilizar neste tipo de pesca é muito vasto e fica ao critério de cada um. Já pesquei com todo o tipo de canas, mas defendo que uma boa cana, com seis metros, com argolas, seja uma boa escolha.

Até as canas de pesca ao tento são utilizáveis neste tipo de pesca; no entanto com um pequeno senão, a meu ver: como teremos de utilizar na pesca do tento um fio de diâmetro 0.28 a 0.33, para conseguirmos trabalhar bem o peixe, essa decisão, na minha opinião, tem dois pontos negativos:

• A utilização de fio mais grosso;

• No caso de prendermos um bom exemplar, como uma dourada ou um robalo, ficamos limitados, já que não podemos dar fio ao peixe.

Podemos contornar facilmente estes dois pontos com a aquisição de uma cana de seis metros e um carreto não muito sofisticado, já que este tipo de pesca é feito perto da linha de água não é necessário ter um grande carreto.

Com o conjunto cana/carreto, poderemos usar um fio mais fino, tipo 0.25, e no caso de termos um bom exemplar ferrado o carreto irá fazer o seu trabalho, o que é uma grande mais valia.

Para concluir, creio que se deve dar um especial relevo à segurança, pois é um ponto que não se deve menosprezar: nenhuma vida vale uma aventura ou uns quilos de peixe.
Verifique o estado do mar, assegure-se de que o mar não está falso, observe-o por uns bons minutos, vejam os setes da ondulação (principalmente no Inverno) e tenha atenção ao calçado que usa e às descidas em falésias: este tipo de pesca é bastante mais exigente, fisicamente, do que a pesca em falésias.

MATERIAL QUE USO NUMA BOLSA DE CINTURA:

• Bobine de fio 0.28 ou 0.30 para pesca á Francesa, vulgarmente conhecida como pesca do tento;

• Bobine de fio 0.25, para estralhos, quando não pesco directo com o mesmo fio;

• Chumbos de aperto (diferentes tamanhos para calibragem de bóias ou de estralhos);

• Chumbos de correr, para calibragem de estralhos;

• 2 bóias tipo peão, calibradas;

• 2 bóias mais finas;

• Meia dúzia de chumbadas de 20 e 30 g, não vão os robaletes e as douradas aparecer;

• Uma caixa de anzóis nº 1 e alguns do tipo chinú.

• Uso um saco estanque onde coloco a cana, a bolsa, um saco de rede e um balde de sardinha e camarões; e, claro, não dispenso o meu fato de neoprene de 5 mm nestas jornadas...


DESTAQUES:


Uma jornada de pesca deve ser iniciada normalmente com uma observação de um local na baixa-mar, para nos certificarmos de que o peixe anda no local.

Quando o abdómen do sargo tem mexilhão ou perceves, podemos utilizar o camarão ou os ralos, pois o peixe anda a mariscar; quando encontramos uma espécie de algas, deveremos iscar com sardinha.

Por vezes, é bom saber para onde irá correr o engodo. Eu utilizo uma ou duas cabeças de sardinha para esse fim, já que ficam a flutuar na água e rapidamente vemos para onde a aguagem as leva.

Nesta pesca, a noção do estado do mar é essencial, não só pela eficácia da pesca, mas também pela segurança.

Este tipo de engodo traz bom peixe ao pesqueiro; por vezes somos brindados com bons robalos e douradas que vêm aos bocados de engodo e os seguem até ao local onde pescamos.

Podemos também, de um pesqueiro, fazer dois ou três, basta engodar noutros sítios e ir variando de locais; esta é uma das melhores técnicas, que não castiga muito o peixe e este sente-se mais à vontade.

3 comentários:

Anónimo disse...

Espéctaculo Fernando :D

Agora dEixaste-me aqui hipnotizado a ler o teu texto e a ver as fotos :D Foi aí que fiz a pesca com o Cortes, nas fotos, e mais uma x fizeste um relato exacto da vossa pesca :D Até parece fácil

Só apetece pegar no material e saltar para uma rocha dessas :D

Grande Abraço

Anónimo disse...

Excelente artigo! Até dá vontade de experimentar.

Abraço

Fernando Encarnação disse...

Obrigado João Mota, é de facto com grande prazer que o escreví pois trata-se básicamente do tipo de pesca que mais pratico com o mar com condições, é extremamente desgastante fisicamente, mas muito produtiva quer em quantidades de adrenalina adquiridas, quer nas boas capturas em grande quantidade.

Abraço