Sardinha – Sardina pilchardus

Sardina pilchardus

Identificação: Corpo alongado, sub-cilíndrico, azul ou verde prateado no dorso e prateado no ventre, flancos com manchas redondas e escuras. Barbatanas dorsal e anal sem raios espinhosos. Margem posterior do opérculo arredondada apresentando na zona inferior 3 a 5 estrias distintas irradiando para baixo.

Biologia: Os sexos são individualizados e distinguíveis pela observação dos órgãos reprodutores internos (ovário/testículos).

Na costa Portuguesa, a reprodução ocorre ao longo da plataforma continental durante um período alargado (outubro a abril) sendo mais intensa entre dezembro e fevereiro. Na região Ocidental Norte a postura é mais intensa durante o outono / inverno enquanto que na região Sul a época de postura é mais prolongada, atingindo maior intensidade antes da observada no Norte.

A sardinha acumula gordura desde o final da primavera até meados do outono (setembro-outubro) para crescer e sobretudo para ter energia para produzir os ovócitos e espermatozóides necessários à reprodução durante os meses seguintes. Esta gordura, rica em ácidos gordos polinsaturados (principalmente ómega 3) acumula-se no músculo e em redor das vísceras e confere-lhe o paladar típico apreciado pelos consumidores. No fim da época de desova a sardinha está magra porque gastou essa a gordura na reprodução.

A reprodução envolve fecundação externa dos ovos e ocorre preferencialmente a temperaturas de 14-15ºC, evita temperaturas inferiores a 12ºC e superiores a 17ºC para se reproduzir. Cada fêmea produz uma emissão de ovos em média uma vez de 2 em 2 semanas (reprodutor múltiplo ou seriado) ao longo da época de desova.




Ovos de sardinha em fase próxima da eclosão, onde é visível o embrião em desenvolvimento avançado

A sobrevivência das larvas e consequente evolução para o estado de juvenil e finalmente adulto depende essencialmente das condições ambientais, em particular da disponibilidade alimentar que irão encontrar nas zonas onde se irão desenvolver. O sucesso reprodutivo depende também do tamanho das fêmeas e das suas reservas energéticas.

O seu crescimento é rápido, uma sardinha pode atingir cerca de 90% do comprimento máximo durante os dois primeiros anos de vida. Vive até aos 14 anos de idade e atinge 27 cm de comprimento total. No entanto, na costa Portuguesa, são mais comuns as sardinhas mais jovens (até 6-7 anos) e pequenas (até 21-22 cm).

A sardinha é uma espécie que usa dois modos de alimentação; filtração passiva e predação activa, alimentando-se exclusivamente de plâncton (em particular microalgas, copépodes e outros crustáceos, bem como ovos de peixes, maioritariamente os seus próprios ovos).

Distribuição e habitat: Distribui-se ao longo de toda a plataforma continental Portuguesa até aos 100 m de profundidade. A sua abundância decresce de norte para sul. Os juvenis e adultos jovens concentram-se em zonas mais costeiras e produtivas (até cerca de 50 m de profundidade), próximo das embocaduras dos rios e rias, sobretudo na costa noroeste entre o Porto e a Figueira da Foz e na região de Lisboa. É uma espécie com grande mobilidade, que forma cardumes (gregária) na coluna de água (pelágica), que podem ultrapassar 100 m2 de área e 10 toneladas.

As suas migrações não são bem conhecidas mas há indicações de migrações sazonais ao longo da costa e de migrações à medida que crescem para a costa norte de Espanha (Galiza norte e Mar Cantábrico).

A distribuição e as variações da abundância da sardinha estão associadas ao afloramento costeiro (“upwelling”), fenómeno oceanográfico provocado pela ação dos ventos do quadrante Norte, predominantes sobretudo no verão, que resulta no aumento da quantidade de plâncton, o alimento da sardinha, nas águas costeiras.

A sardinha tem um papel importante no ecossistema porque constitui a principal presa de várias espécies de golfinhos (golfinho comum ou toninha), de aves marinhas (ganso-patola, cagarra, pardelas e gaivotas) e peixes (atuns, pescada e outros pelágicos, alguns dos quais se alimentam dos seus ovos e larvas).



Mapa exemplificativo de distribuição da sardinha nas águas Portuguesas (dados recolhidos na campanha acústica PELAGO05, primavera de 2005).


A sardinha é principalmente capturada com a arte do cerco (98%), estando no entanto presente em quantidades diminutas nas capturas de outras artes como o arrasto, redes de emalhar (sardinheiras) e arte-xávega. A pescaria do cerco é realizada por cerca de 130 embarcações, que utilizam geralmente uma embarcação pequena para auxiliar as manobras durante a pesca (chalandra ou chata), e que realizam viagens diárias e pescam na vizinhança do porto de origem.

Na pesca do cerco, ocorre a captura de cardumes só de sardinha ou captura de sardinha misturada com outros pequenos e médios pelágicos, tais como cavala, carapaus e biqueirão no mesmo lance de pesca.

A gestão da pesca da sardinha é realizada por Portugal e Espanha e segue um Plano de Gestão acordado entre os dois países. Este Plano inclui limitações à captura anual e ao esforço de pesca (máximo de 180 dias de pesca por embarcação e proibição de pesca durante 2 dias por semana, ao fim de semana), períodos de interdição de captura de sardinha (entre dezembro e abril, dependendo da zona da costa) e mais recentemente limites à captura de juvenis. O tamanho mínimo de desembarque, 11 cm, está regulamentado a nível Europeu. Existe ainda um conjunto de medidas regulamentares para a pesca do cerco relativas à arte e zonas de operação das embarcações.

Fonte: IPMA




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