Aprovado o primeiro plano de Cogestão de uma pescaria em Portugal, com forte participação do MARE da Universidade de Évora



Foi aprovado, no passado dia 4 de janeiro, o Plano de Cogestão para a Apanha de Percebe (Pollicipes pollicipes) na Reserva Natural das Berlengas, com participação importante da Universidade de Évora através do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE). No seguimento da criação do Comité de Cogestão para a Apanha de Percebe (Pollicipes pollicipes) na Reserva Natural das Berlengas, também pioneiro em Portugal, é agora aprovado o primeiro plano de Cogestão de uma pescaria no nosso país.

O plano de Cogestão para a Apanha de Percebe (Pollicipes pollicipes) na Reserva Natural das Berlengas (RNB) define os objetivos e as medidas de gestão da apanha do Percebe deste recurso marinho no arquipélago das Berlengas, cuja área faz parte da Reserva da Biosfera das Berlengas, classificada pela UNESCO em 2011. Fazem parte destas medidas de gestão o combate à venda ilegal, a redução da escala espacial (novo zonamento) da gestão e monitorização, o desenvolvimento de estratégias para uma apanha mais cuidada, minimizando a apanha de percebes de menores dimensões e reduzindo o desperdício, e a monitorização da abundância do percebe com recurso a tecnologia como os drones.

Conforme se lê na portaria agora publicada em Diário da República, a apanha de percebes (Pollicipes pollicipes) no Arquipélago das Berlengas “é uma atividade com relevância socioeconómica a nível regional, sendo o percebe da Berlenga um recurso biológico altamente apreciado e valorizado em termos nacionais e internacionais”. Este contexto singular e existência de vários estudos e projetos desenvolvidos ao longo dos últimos anos, do qual se destaca o projeto Co-Pesca 2, financiado pelo MAR2020 e que tem a Universidade de Évora como entidade parceira, permitiram “alavancar as ações necessárias para a implementação de uma gestão partilhada da apanha de percebe na RNB, que possibilita alcançar a sustentabilidade a nível ambiental, económico e social, num equilíbrio entre a preservação ambiental e a exploração do recurso, baseado numa atitude cooperativa, responsável e de respeito entre os diferentes intervenientes — designadamente, mariscadores, cientistas e entidades oficiais.”

Recorde-se que a Universidade de Évora estuda a biologia e a pesca do percebe há vários anos e integra este Comité de Cogestão, único em Portugal. Os estudos e projetos desenvolvidos pelos investigadores da Universidade de Évora e do MARE, sobre o estado do percebe e desta pescaria, tomam um papel importante no plano de cogestão agora aprovado.

Trata-se de um passo pioneiro alcançado no campo da Cogestão, não só no que diz respeito à apanha do percebe, mas também numa possível extensão a outras pescarias em Portugal.

Fonte: UÉvora


Pescadores lúdicos têm lucro de quase 5 milhões de euros na Costa Vicentina


Os pescadores lúdicos capturam por ano cerca de 1300 toneladas de peixe no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, segundo um estudo apresentado pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM). “O sargo e dourada são as espécies mais pescadas na zona, estimando-se que as capturas sejam de 489 e 219 toneladas, respetivamente”, de acordo com o documento (aqui).

“O impacto económico e social da pesca lúdica é relevante”, verificando-se que “o peixe capturado, valorizado a preço de mercado, tem um valor aproximado de 15,2 milhões de euros” e “o exercício da pesca representa gastos em torno de 10,3 milhões de euros”.

Isto significa, portanto, um ‘lucro’ para os pescadores lúdicos de 4,9 milhões de euros. Por modalidades, “a pesca apeada tem um saldo positivo de 1 milhão de euros (9,3 milhões de euros de receita teórica e 8,3 milhões de euros de gastos)”, enquanto “pesca embarcada e a pesca submarina geram saldos positivos de 3,2 milhões de euros e 0,7 milhões de euros, respetivamente”.

De acordo com o estudo, “as elevadas capturas da espécie sargo e dourada, não só nesta zona mas também a nível nacional, bem como a indicação de cerca de metade dos pescadores lúdicos da zona de de que, nos últimos anos, as capturas e o tamanho médio dos exemplares capturados têm vindo a diminuir, sugere-se a manutenção do período de defeso já existente para o sargo nesta zona nos meses de fevereiro e março, bem como a implementação de período de defeso da dourada durante a época de reprodução (outono/inverno)”.

Fonte: algarvemarafado.com